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Transmigração nos EUA: o sorte que Trump não daria à mãe – 26/01/2025 – Bianca Santana

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O final do século 18 e o início do século 19 foram períodos de deslocamentos forçados nas Terras Altas da Escócia. Grandes proprietários, em procura de lucro e da preservação da própria riqueza, expulsaram com violência muro de 150 milénio pessoas das terras onde viviam há gerações. Para quem quiser saber mais sobre as clearances, Limpezas das Terras Altas, há ampla bibliografia disponível.

Em 1826, dentre os expulsos da superfície de South Lochs, em Lewis, estavam os ancestrais de Mary Anne MacLeod, nascida em 1912. A Primeira Guerra Mundial e um naufrágio que traria os homens daquela ilhota de volta para mansão agravaram a pobreza. Mesmo que a família de Mary Anne tivesse uma situação econômica um pouco melhor que a da maioria dos vizinhos, ela seguiu os passos das irmãs mais velhas e, em 1930, aos 18 anos de idade, emigrou para os Estados Unidos, onde trabalhou porquê babá e viveu até junho de 1934.

Voltou para a Escócia, com intenção e autorização de revir aos EUA, o que fez naquele mesmo ano. Em 1936 se casou com um progénito de alemães e passou a se invocar Mary Anne MacLeod Trump. 25 anos depois de sua morte, um dos filhos do par, Donald Trump, tomou posse como presidente dos Estados Unidos pela segunda vez em 20 de janeiro de 2025. Em seu discurso de posse, enfatizou:

“Primeiro, vou declarar emergência vernáculo na nossa fronteira com o México, no sul. Todas as entradas ilegais serão imediatamente interrompidas e vamos inaugurar o processo de deportação de milhões e milhões de estrangeiros criminosos para os lugares de onde vieram. Restabeleceremos minha política de ‘permanecer no México’.”

“Ou por outra, ao invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, vou direcionar nosso governo a usar todo o poder de emprego das leis federais e estaduais para expulsar a presença de todas as gangues estrangeiras e redes criminosas que trazem crimes devastadores para o solo dos EUA, nossas cidades e centros urbanos.”

“Uma vez que presidente, não tenho responsabilidade maior do que tutelar nosso país de ameaças e invasões, e é exatamente isso que farei. Faremos isso em um nível que ninguém nunca viu antes.”

Em 23 e 24 de janeiro, a porta-voz da Morada Branca anunciou pelas redes sociais que 538 imigrantes em situação irregular haviam sido presos desde a posse de Trump e que centenas deles já haviam sido deportados em aeronaves militares, dando início à maior operação de deportação em volume da história. “Promise made. Promise kept.”

Na noite de sábado (25), pousou no aeroporto de Confins, na região de Belo Horizonte, avião da FAB com 88 brasileiros deportados dos EUA. Eles estavam no grupo de 158 pessoas que saiu de Alexandria, no estado da Virgínia, em um avião militar americano que fez graduação no Panamá e pousou em Manaus, quando aconteceu a mudança de aeroplano.

O início do século 21 tem sido um período de deslocamentos forçados em quase todo o mundo. Políticas migratórias restritivas, conflitos armados, perseguições políticas, raciais, religiosas, desastres ambientais, disputas por recursos naturais, violações de direitos humanos.

Somos testemunhas. Até sermos nós mesmos os deslocados. E, se depender de Trump, não teremos o final feliz de Mary Anne.

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