Curiosidades
O milagre que dividiu a Igreja: a história por trás da hóstia de Juazeiro
Em 1889, um incidente incomum na pequena capela de Juazeiro do Setentrião, no Ceará, deu início a uma das histórias mais marcantes do catolicismo popular brasiliano. Durante uma celebração conduzida por Padre Cícero Romão Batista, a devota Maria de Araújo teria sazonado um fenômeno que ficou sabido uma vez que o Milagre da Hóstia de Juazeiro. O evento atraiu multidões e consolidou o município uma vez que um núcleo de fé, mas também gerou embates entre religiosos e questionamentos dentro da própria Igreja.
Padre Cícero, adiante de um grupo de mulheres do Apostolado da Prece, ministrava a eucaristia quando Maria de Araújo, ao receber a hóstia, teria presenciado uma transformação inesperada: o pedaço de trigo, segundo relatos, tornou-se sangue ao tocar sua língua.
A notícia se espalhou rapidamente e atraiu fiéis de diferentes partes do Brasil. Entre os entusiastas do milagre estava o jornalista José Marrocos, primo de Padre Cícero, que ajudou a vulgarizar o ocorrido em jornais do Rio de Janeiro e em outras regiões do país. O fenômeno fez de Juazeiro do Setentrião um tramontana para peregrinações e fortaleceu a imagem do sacerdote uma vez que líder místico.
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Nascido em 1844, no Ceará, Padre Cícero foi uma figura médio na história de Juazeiro do Setentrião. Além de sua atuação religiosa, teve papel relevante na política e nos conflitos da idade. Em 1911, foi eleito o primeiro prefeito da cidade depois sua emancipação e, anos depois, participou da Guerra de Juazeiro, um confronto entre forças locais e tropas do governo federalista.
Ao longo dos anos, sua devoção popular cresceu, tornando-se símbolo de fé e resistência. Mesmo depois sua morte, em 1934, o sacerdote continuou a ser venerado por milhares de fiéis, que anualmente participam de romarias em sua homenagem.
Maria de Araújo, nascida em 1862, era uma mulher negra, de origem humilde, que trabalhava uma vez que lavadeira e modista. Profundamente religiosa, integrava o grupo de devotas liderado por Padre Cícero e almejava a vida consagrada, embora essa possibilidade fosse restrita às mulheres da escol branca da idade.
Posteriormente o incidente da hóstia, relatos indicam que Maria passou a apresentar sinais místicos, incluindo marcas semelhantes aos estigmas de Cristo e experiências que descrevia uma vez que “visões espirituais”. Entretanto, em vez de ser reconhecida pela Igreja uma vez que uma santa, ela enfrentou possante oposição e perseguição.
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O suposto milagre dividiu a Igreja Católica. Enquanto fiéis acreditavam na autenticidade do fenômeno, o prelado da idade, Dom Antônio Joaquim Vieira, questionava sua verdade. Um interrogatório foi ingénuo e, apesar de relatos médicos confirmando que não havia fraude, a cúpula eclesiástica desacreditou o evento. Maria foi desacreditada e forçada a viver reclusa em uma instituição de humanitarismo até sua morte, em 1914.
Posteriormente seu falecimento, o mistério se aprofundou: seu corpo desapareceu do túmulo e nunca mais foi encontrado. O paradeiro dos sobras mortais de Maria de Araújo continua ignoto até os dias de hoje, alimentando ainda mais o mistério em torno da história do Milagre da Hóstia de Juazeiro.