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Tudo que eu, roteirista, posso te relatar dos bastidores do filme da Anitta

Primeiro porque eu nunca tinha tido a chance de reprofundar tão fundo – e em tão pouco tempo – na trajetória de alguém. Depois, porque a sua existência é uma marca do nosso tempo, e testemunhar isso é um privilégio que eu nunca esqueci. Seria impossível falar do país – ou pensar a mulher de 2025 – sem levar em conta as transformações causadas por ela.
Se você chegou até cá já imaginando que a Larissa a qual me refiro também atende pelo nome de Anitta, você acertou e errou.
Porque, embora, de roupa, elas dividam cães, chocolates, e números civis, há uma cisão que não foi provocada à toa – e que é política.
Ou você acha que é provável ser mulher sem lançar mão de personagens? “Na rua, não sorria”. “No trabalho, use roupas sóbrias”. “No transporte, mantenha a rostro fechada”.” Em moradia, aja com mel”. “Na reunião de pais, evite o batom vermelho”. “Com o namorado, zero de opiniões muito fortes”. “Em entrevistas, melhor evitar palavrões”.
Aprendemos a ser várias praticamente antes de aprendermos a juntar silabas, e se Larissa decidiu batizar de Anitta a sua versão que sobreviveria à inadequação que ela experimentava na puerícia e na juventude, gol maior não conheço.
Porque onde Anitta chegou, só Camem Miranda havia chegado – e, mesmo assim, com canções que pouco se referiam à veras brasileira além zona sul, porquê o funk produzido nas periferias.
Ser responsável por feitos dessa magnitude, no entanto, não vem sem custos. Anitta estava com saudades da Larissa e sabia que devia a ela alguns momentos que lhe foram roubados, porquê os beijos com o Pedro, garoto que ela gostava quando tinha 12.