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Trumpnomics não para de pé – 15/03/2025 – Samuel Pessôa

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Stephen Miran, doutor em economia por Harvard e indicado por Trump para a chefia da assessoria econômica do presidente, escreveu em novembro pretérito “Um manual para a reconstrução do sistema de comércio global”.

O diagnóstico é que a vantagem que os EUA têm de ser o emissor da moeda de curso global tem causado uma sobrevalorização da moeda americana, o que explica a queda da participação da indústria manufatureira e, no limite, a perda de empregos industriais para a China.

A proposta de Miran é atuar com tarifas de importação e no câmbio para edificar um estabilidade com o dólar mais desvalorizado em relação às demais moedas. O movimento tem paralelismo com o concordância comemorado no Hotel Plaza, em Novidade York, em 1985.

As tarifas têm duas funções: aumentar a competitividade da economia americana na produção de bens manufaturados, estimulando a reindustrialização; 2) gerar receita para o Estado.

Em um regime de câmbio flutuante, a elevação das tarifas será, ao menos em secção, compensada por uma moeda mais possante. Se houver ressarcimento totalidade —isto é, se o preço doméstico dos bens, depois as tarifas e com a novidade taxa de câmbio, não se modificar—, não haverá impacto sobre a competitividade, mas haverá elevação de receita. Nesse caso, a tarifa será paga pelo exportador para a economia americana. Se houver ressarcimento parcial, haverá uma melhora da competitividade da indústria americana.

Para o câmbio, há dois conjuntos de propostas. O primeiro é intervir mais ativamente comprando reservas. As compras seriam financiadas por meio de venda de títulos de pequeno prazo no mercado doméstico. Isto é, por meio de intervenções esterilizadas, uma vez que nós fizemos muito entre 2005 e 2010, por exemplo.

Para indemnizar o excesso de títulos de pequeno prazo no mercado, Miran propõe que os EUA usem o seu peso político para “estimular” os bancos centrais mundo afora que carregam reservas americanas a trocá-las, ao par, por títulos de longo prazo.

Fala-se em títulos com vencimentos em centena anos ou mesmo títulos perpétuos, muito populares na era vitoriana. Adicionalmente, sugere que se cobre uma “tarifa” pelo uso, pelos bancos centrais, das reservas americanas.

Seria uma forma, sugere Miran, de o mundo remunerar pelo serviço de seguro fornecido pelas reservas. Evidentemente, essa tarifa ajudaria a melhorar as contas públicas, uma vez que ocorre com as tarifas de importação. Porquê contrapartida, os EUA se comprometeriam a oferecer linhas de liquidez, sempre que houvesse urgência.

A sentimento que se tem é que a proposta do assessor de Trump não atende às identidades macroeconômicas. Há um problema de déficit da balança mercantil, segundo o assessor, que machuca a indústria. Para resolver o problema, propõem-se medidas que aumentam a renda que o resto do mundo envia aos EUA. A menos que a renda seja 100% poupada, isto é, aplicada em aglomeração de ativos fora dos EUA, o déficit mercantil irá aumentar ainda mais!

A mágica do assessor somente conseguirá reduzir o déficit mercantil se houver queda da absorvência doméstica, em universal aumento da poupança doméstica, ou se houver elevação da produção. A economia opera a plena fardo —desemprego de 4% e produtividade crescendo a 2% ao ano nos últimos trimestres. Não parece ter espaço para grandes ganhos de produção.

O pacote do assessor não para de pé.


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