Esporte

Trump faz zorra, e Brasil se esquece de próprios problemas – 16/04/2025 – Vinicius Torres Freire

Published

on



Desde 2023, sabia-se que o gasto do governo explodiria o tórax fiscal em qualquer momento em torno de 2027. Isto é, a coisa iria para o vinagre ao final de Lula 3 se não houvesse mudança maior no ritmo de incremento de despesas, grosso modo determinado por leis, “gasto obrigatório”, piorado desde fins de 2022.

Pois muito. Nesta semana, o roteiro da explosão até 2029 foi desenhado pelo próprio governo, que apresentou as linhas gerais do Orçamento de 2026 (o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias).

Prestou-se atenção ao vestimenta de que, em 2027, será preciso incluir nas contas (de despesa, de saldo primitivo) o gasto inteiro com sentenças judiciais (“precatórios”). Até lá, para certos fins fiscais oficiais, finge-se que um gasto de uns R$ 50 bilhões não existe (reaparece no aumento sem limite da dívida pública). Note-se, porém, que, pelo menos a partir de 2028, o que sobra para o governo gastar, além do obrigatório, é achatado com ou sem rogatório. Ou se muda o limite de gastos, ou a meta de superávit primitivo ou se faz alguma gambiarra ou não vai sobrar zero. Bum.

Vai ter mudança já em 2026, ano eleitoral? De que tipo? Reforma fiscal? Empurra-se com a bojo? Lula 4, caso eleito, diria, em 2027, “olha, deu ruim”? Uma vez que Dilma Rousseff em 2015?

Seria bom pensar no tópico, parece, né. Mas o Brasil político, “solene”, parece esquecido de si. O Congresso não voltou do recesso, afora para resolver seus dinheiros de emendas e para tocar a anistia, a lei pró-golpe. O governo apareceu com o projeto da isenção do Imposto de Renda. O ano agora começa depois da Páscoa?

Muito ainda se fala de uma vez que o Brasil pretende negociar o aumento do imposto americano de importação do aço pátrio, uma vez que se o caldo não fosse muito mais grosso —um espanto. Pelo menos, não falam mais da tolice de retaliar os EUA tributando batom, óculos de sol ou sei lá. E daí?

Houve meses de aviso. Deveríamos estar tratando do que fazer das relações com a China. Do que fazer do risco de desova, por cá, de produtos chineses ou sabe-se lá mais quem. Deve possuir superoferta global —concorrência com indústria doméstica, com um pequeno bônus de queda de preços. Vamos esperar chover?

A provável perda de ritmo da economia tende a produzir qualquer problema para a receita do governo. Preços menores de commodities, em peculiar petróleo, tiram outro pedaço da receita e da atividade. Sim, pode possuir o bônus da redução do preço dos combustíveis, quando alguém tiver noção vaga no que var dar a baderna sinistra de Trump. Mas não estamos otimistas demais com essa receita prevista no Orçamento? É um modo sereno de perguntar.

Pode ser que a desaceleração global, superoferta e, talvez, dólar mais barato permitam que o Banco Meão não ligeiro a Selic além de 15% e, quem sabe, baixe juros até o final do ano.

Para pensar nisso tudo, é preciso levar em conta o efeito direto da redução de transacção com os EUA, dos desvios de transacção, do rumo dos juros americanos e do dólar no mundo, do preço das commodities, do efeito universal da incerteza e das condições financeiras do mundo. Logo, está muito mais difícil de dar chutes informados do que de hábito. Mas o mundo está do avesso e nossos problemas profundos mais imediatos permanecem, e graves (“o fiscal”). Vamos despertar?

O Brasil solene parece no decúbito eterno —deitado em nascimento esplêndido.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul aquém.



Acesse a fonte

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas

Sair da versão mobile