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Tratar colaborador porquê família é fabricar gente folgada – 03/03/2025 – Natalia Beauty

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A romantização da relação entre empregador e colaborador precisa completar. Urgente. O mercado de trabalho não é uma extensão da sala de jantar e empresa não é lar. Mas, por qualquer motivo, sempre que se fala isso, surge um tropa de gente dizendo que “o envolvente tem que ser hospitaleiro”, que “tem que ter paixão e gentileza”, porquê se expressar que empresa não é família significasse involuntariamente que os colaboradores devem ser tratados com frieza e desprezo. Não significa. Significa somente que é preciso parar de confundir as coisas.

Vamos ser realistas: você pode livrar sua mãe porque ela não te deu carinho suficiente porquê está no “contrato de mãe e fruto”? Pode mandar seu irmão embora porque ele não bateu a meta do mês de manter o sigilo compartilhado? Pode substituir seu fruto porque ele não tirou nota boa na escola? Não. Família é incondicional. Trabalho, não. E aí está a diferença que muita gente parece ignorar.

Quando uma empresa começa a tratar colaboradores porquê família, ela abre uma porta perigosa para dois cenários também problemáticos. No primeiro, os colaboradores passam a confiar que têm direitos que vão além do contrato de trabalho, mas esquecem que também possuem deveres. Criam-se laços emocionais que fazem com que as cobranças sejam vistas porquê ataques pessoais. O “gerente” vira um pai, uma mãe, uma mana mais velha, alguém que “precisa entender” as falhas, os atrasos, os erros e as justificativas infinitas. O comprometimento deixa de ser profissional e passa a ser emocional.

No segundo cenário, quem se prejudica é o próprio colaborador. Porque, quando a empresa vende a ilusão de que ele faz segmento de uma grande família, espera dele uma lealdade irrestrita. A cobrança ultrapassa os limites do contrato e se torna quase afetiva. Ele precisa se doar, precisa vestir a camisa, precisa concordar sacrifícios, precisa trabalhar além do horário sem reclamar, precisa concordar mudanças que não foram acordadas, precisa estar sempre pronto para tudo porque “cá somos todos uma família e precisamos uns dos outros”. Mas quando ele já não serve mais, quando não performa porquê esperado, essa “família” não hesita em livrar. E o que sobra? Zero.

E é exatamente isso que foi dito em um vídeo que viralizou e que, por qualquer motivo, algumas pessoas interpretaram porquê crueldade. O que foi dito não é sobre destratar colaboradores, mas sobre entender que uma empresa precisa ser um envolvente de prolongamento, resultado e profissionalismo. Um colaborador deve ser tratado com saudação, valorização e reconhecimento, sim. Mas isso não significa confundir profissionalismo com vínculo familiar.

A empresa pode, e deve, fabricar um envolvente saudável, ligeiro, humano, onde as pessoas gostem de estar. Por fim de contas, passamos a maior segmento da vida no envolvente de trabalho. O empregador pode, e deve, ter empatia, compreender momentos difíceis, facilitar em situações que estejam ao seu alcance. Mas isso não significa que empresa e família sejam sinônimos. Porque, ao contrário do que muitos querem confiar, um envolvente corporativo equilibrado não nasce do excesso de envolvimento emocional, e sim de uma cultura clara, onde direitos e deveres são respeitados dos dois lados.

Um colaborador pode ser despedido. Uma empresa pode ser demitida. Essa é a relação real. Se a empresa não entrega o que foi prometido, o colaborador vai embora. Se o colaborador não entrega o que foi acordado, ele é desligado. E isso não tem zero de incorrecto, de cruel ou de insensível. O que tem de incorrecto é a falsa sensação de pertencimento eterno, que depois se transforma em ressentimento quando as coisas não saem porquê esperado.

Não há problema em liderar com empatia. Não há problema em ter uma cultura de gentileza. Mas há um problema gigantesco em vender uma teoria que, na prática, nunca se concretiza. E o que foi dito, e que gerou toda essa discussão, é somente o óbvio: empresa não é morada, trabalho não é laço de sangue e colaborador não é irmão.

Porque, no final das contas, quando um colaborador deixa de entregar o que foi combinado, ele não perde um sobrenome. Ele perde um contrato. E isso faz toda a diferença.


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