Curiosidades
Sebastião Salso conviveu por décadas com dor na poste causada por explosão de mina

Morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, o fotógrafo Sebastião Salso, uma das figuras mais reverenciadas do fotojornalismo mundial. Sabido por retratar com profundidade comunidades invisibilizadas e regiões remotas do planeta, o artista mineiro também travou, fora dos holofotes, uma guerra pessoal silenciosa: desde 1974, convivia com dores crônicas na poste, em seguida um acidente grave em meio a uma zona de conflito.
O incidente aconteceu durante a cobertura da guerra de independência de Moçambique, quando o carruagem em que estava foi atingido por uma mina terrestre. O impacto deixou sequelas permanentes. Décadas mais tarde, ele ainda enfrentaria problemas de saúde ligados a uma malária mal tratada na Indonésia, que resultou em um distúrbio sanguíneo. Zero disso, porém, impediu sua atuação intensa em alguns dos projetos fotográficos mais ambiciosos da história recente.
Sebastião Salso nasceu em Conceição do Capim, interno de Minas Gerais, em 1944. Formado em economia, com mestrado pela USP e pela Sorbonne, ele se aproximou da retrato quase por eventualidade — ao levar uma câmera para registrar viagens de trabalho na África. Poucos anos depois, largou o missão na Organização Internacional do Moca e decidiu se destinar integralmente à retrato documental.
++ Uganda descobriu mais de 31 milhões de toneladas de minério de ouro
Radicado em Paris ao lado da esposa e parceira de vida e curso, Lélia Wanick Salso, passou por importantes agências porquê Sygma, Gamma e Magnum. Em 1994, o parelha fundou a escritório Amazonas Images, que passou a simbolizar exclusivamente sua obra e acoitar o planejamento de expedições autorais de longa duração.
Salso transformou temas complexos em imagens de grande potência simbólica. Com domínio da luz proveniente e foco no preto e branco, construiu séries marcantes porquê Outras Américas, Trabalhadores, Êxodos, Gênesis e Amazônia. No livro Êxodos, fruto de seis anos de trabalho, documentou movimentos migratórios forçados por conflitos, pobreza e desastres ambientais. Em Gênesis, voltou seu olhar para a natureza ainda preservada, revelando povos e paisagens que resistem à devastação.
++ Saiba qual é o rio mais antigo do mundo, e onde fica localizado
“Meu único libido era voltar à minha terreno bem-amada, para meu Brasil do qual um exílio um pouco forçado me obrigou a me alongar”, afirmou ao lançar Outras Américas, projeto realizado entre 1977 e 1983.
Sebastião Salso retratou o mundo com empatia, rigor e venustidade. Sua obra é mais que um montão de imagens — é um legado ético e poético sobre humanidade, resistência e esperança.