É Carnaval, e desde a sexta-feira (28), milhares de pessoas acompanham e se divertem com os desfiles das escolas de samba da série ouro e do grupo próprio do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí.
Poucos não se encantam com o espetáculo majestoso construído por gente que vive nas periferias. Mas quantos já ouviram falar de Hilário Jovino Ferreira? A resposta é: pouca gente. Com certeza não seria assim se a imposto afro para a cultura brasileira fosse difundida e valorizada.
Descobri esse importante personagem do nosso Carnaval recentemente, por possibilidade, ao visitar a Pequena África. Ao pé de uma das ladeiras do Morro da Conceição, na região portuária do Rio, encontrei a figura desse varão preto estampada num mosaico instalado numa parede.
Hilário Jovino foi fundador do primeiro rancho carnavalesco, o Rei do Ouro (1893). Para quem não sabe, os ranchos predominaram no carnaval carioca nas três primeiras décadas do século 20. Precederam o surgimento das escolas de samba. Hilário é considerado também um dos criadores da coreografia do rabi sala e responsável pela fixação desse personagem nos desfiles. Morreu numa quarta-feira de cinzas, em 1º de março de 1933.
Estava sentada escrevendo sobre esse sambista e compositor quando fui atravessada pela notícia da morte de um camarada muito próprio, o jornalista Rui Cardoso de Abreu Xavier ou, para mim, o “RX”. Protagonista de uma trajetória de vida de superação, ele também deixou oriente projecto num dia 1º de março, em pleno Carnaval de 2025.
Rui Xavier acompanhou minha trajetória profissional e pessoal desde que cheguei a São Paulo para trabalhar na grande prensa, na dezena de 1990. Aprendi muito com ele. Foi tão presente e importante que o adotei uma vez que um “pai por apreço”. Busco forças para enfrentar a tristeza com as muitas lembranças boas que guardo comigo. Resta esgotar as lágrimas antes de me despedir do meu camarada. Porque ele não queria pranto ao seu lado.
Rui, descansa em sossego.
Já estou com saudades.