Esporte
Oscar 2025: Quais são as chances de ‘Ainda Estou Cá’? – 12/02/2025 – Thiago Stivaletti

A 18 dias do Oscar, uma asseveração parece ser unânime entre críticos e especialistas do prêmio: a categoria em que temos mais chance de levar a estatueta por “Ainda Estou Aqui” é a de filme internacional. Mas quais são nossas reais chances diante do galicismo “Emilia Pérez“, comovido por inúmeras polêmicas, mas que tem o lobby gigantesco e milionário da Netflix por trás?
Vamos iniciar por eliminação. “Ainda Estou Cá” tem pouquíssimas chances de levar o principal Oscar da noite, o de melhor filme –essa é aquela categoria em que a indicação já foi uma imensa vitória e cravou o Brasil na história da premiação com o primeiro filme falado em português incluído na lista principal. Porquê diz Fernanda Torres, já pode estourar a champanhe.
Por falar em Fernanda, nossa musa também tem as chances reduzidas de levar o seu para morada. Em 9 entre 10 previsões dos sites americanos especializados, ela aparece uma vez que a segunda favorita. É uma honra imensa –o problema é que segundo lugar não leva Oscar.
Demi Moore, por “A Substância“, aparece uma vez que a favorita. E será unicamente a terceira atriz a levar um Oscar por um filme de terror, em seguida Kathy Bates por “Louca Preocupação” em 1991 e Jodie Foster por “O Silêncio dos Inocentes” em 1992.
Mas resta uma esperança: depois da polêmica em torno das declarações racistas de Karla Sofía Gascón, de “Emilia Pérez”, os votos da espanhola poderiam transmigrar em tamanho para Fernanda, numa espécie de reequilíbrio latino. Vale fazer uma novena para que isso realmente aconteça.
Vamos agora a filme internacional. “Ainda Estou Cá” supera claramente outros três indicados da categoria: o iraniano “A Semente do Fruto Sagrado“, magnífico, mas de campanha muito mais fraca que o nosso; o unicamente mediano dinamarquês “A Garota com a Agulha” e “Flow”, da Letônia, que tem mais chances em animação.
A pedra no nosso sapato é sempre ela, “Emilia Pérez”. O músico sobre o traficante que decide fazer a transição de gênero vem com a chancela da Netflix (lá fora; nem procure pelo filme no seu streaming cá, onde ele está nos cinemas). Não dá para olvidar que ele é o recordista de indicações neste ano, com 13 no totalidade. E ainda a vitória que teve no Globo de Ouro da categoria.
Entretanto, as chances de “Ainda Estou Cá” crescem a cada dia. Ontem mesmo, a Variety, a maior revista de cinema dos EUA, cravou o filme de Walter Salles uma vez que predilecto. Nosso drama acabou de levar o Golden Derby, uma premiação popular com 10 milénio votantes, e de quem escolhido sempre coincide com o Oscar quando os indicados são os mesmos.
Agora que as votações abriram em Los Angeles, o grande pêndulo a definir a escolha é entender o quanto as polêmicas em torno de “Emilia Pérez” –não só as declarações de Karla Sofía, mas a representação problemática de um personagem trans, o desleixo com o retrato do México etc.– sensibilizaram ou não os votantes de Hollywood.
Se a reputação do filme de Jacques Audiard se manchou de verdade, o caminho está livre para dona Eunice Paiva prometer nosso primeiro Oscar na categoria. Hoje, eu diria que nossas chances são de 70%. Mas isso pode ser só esperança de um brasílio entusiasmado…