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Os EUA são perdedores no transacção global, uma vez que afirma Trump? – 10/04/2025 – Bráulio Borges

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A política tarifária que vem sendo praticada pelo atual governo dos EUA, liderado por Donald Trump, tem gerado muita volatilidade dos preços dos ativos financeiros e impulsionou a incerteza política/econômica para níveis superiores àqueles observados no prelúdios da pandemia, uma vez que explorei em artigo anterior neste espaço.

Embora não seja exatamente uma surpresa —Trump vinha anunciando isso desde a campanha eleitoral—, há alguns aspectos que têm chocado os analistas. Entre eles estão a teoria sem sentido de que os EUA teriam que zerar os déficits comerciais com cada um dos seus parceiros comerciais (e não atuar para reduzir o déficit associado) e a teorema de tarifas amparadas em uma fórmula “maluca”. Esta teoria é muito distante da que vinha sendo aventada, de tarifas recíprocas (isto é, os EUA praticarem tarifas efetivas de importação, levando em conta alíquotas médias ponderadas e também barreiras não tarifárias, semelhantes àquelas praticadas pelos demais países nas relações bilaterais).

Entretanto, é preciso dar um passo detrás e questionar a própria motivação para essa guerra tarifária. Trump e sua equipe afirmam categoricamente que os EUA, ao registrarem déficits comerciais com o resto do mundo, são perdedores e foram explorados pelos demais países nas relações de trocas comerciais de bens (curiosamente, estão silentes sobre os serviços, onde os EUA registram um superávit mercantil significativo). Mas, o diagnóstico da equipe de Trump não encontra respaldo nos estudos.

Considerando alguns trabalhos relativamente recentes (Costinot & Rodrguez-Clare 2018 e Hufbauer & Hogan 2023), estima-se que os ganhos líquidos dos EUA com o transacção internacional equivalham a um tanto entre 2% e 10% do PIB atual —ou seja, entre US$ 600 bilhões e US$ 3 trilhões. São vários os canais de transmissão, uma vez que aproximação a produtos mais baratos, aumento da concorrência nos mercados locais (gerando impulso à inovação) e aproximação a novas tecnologias, entre outros.

Isso não quer manifestar que não tenha havido efeitos colaterais negativos, já que nem todos os norte-americanos ganharam com a chamada “globalização”: aqueles que trabalhavam em empregos na manufatura acabaram sofrendo com o deslocamento de diversas fábricas para outros países. A miopia quanto a esses efeitos negativos, aliás, reflete o indumentária de que, durante bastante tempo, a economia “mainstream” (incluindo o Reagonomics) ignorou solenemente questões de ordem distributiva.

Embora algumas “novas” preocupações sejam pertinentes (uma vez que segurança pátrio e energética), a forma de mourejar com os efeitos negativos e com essas preocupações não é revertendo totalmente os ganhos de transacção (liquidamente positivos), mas sim introduzindo novas políticas, uma vez que medidas compensatórias para mourejar com os efeitos colaterais negativos.

Um bom exemplo vem dos países europeus nórdicos: além de terem uma rede de seguridade social bastante abrangente (nos EUA ela é mínima), eles investem volumes expressivos de recursos na requalificação da mão de obra. Enquanto a Dinamarca investe todos os anos murado de 2% do PIB nesse tipo de ação (conhecidas uma vez que “Active Labor Market Policies”, em contraponto às políticas passivas, uma vez que seguro-desemprego), os EUA aplicam exclusivamente 0,1%.

O protótipo de “flexicuridade” (combinação de flexibilidade com seguridade) dos nórdicos, aliás, deveria inspirar o mundo todo nesse contexto de rápidas mudanças nas relações de trabalho (com aumento da chamada gig economy) e de ameaças crescentes geradas pela automação e pela perceptibilidade sintético em vários segmentos.


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