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Organizações não governamentais são cândido do negacionismo climatológico – 21/03/2025 – Txai Suruí

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Nesta quarta-feira (19) o Greenpeace Internacional e associações do Greenpeace Estados Unidos foram condenados, por um júri ligado à indústria petrolífera, a indenizar em US$ 660 milhões (aproximadamente R$ 3,7 bilhões) a empresa de combustíveis fósseis Energy Transfer.

Foram acusados de terem organizado os protestos que eclodiram, entre 2016 e 2017, contra a construção do oleoduto Dakota Access Pipeline.

Em 2015, a região indígena Sioux aprovou solução sobre o oleoduto afirmando que ele “representa um sério risco para a própria sobrevivência de nossa região e (…) destruiria recursos culturais valiosos”. E acrescentou que o Dakota Access Pipeline viola o Item 2 do Tratado de Fort Laramie, que garante o “undisturbed use and occupation” (uso e ocupação sem perturbação) das reservas indígenas no entorno do oleoduto.

Para dar visibilidade a essa pretexto, o povo indígena de Standing Rock organizou corridas, passeios a cavalo e marchas. Muitas nações originárias, juntamente com aliados não indígenas, celebridades e vários políticos, apoiaram o movimento e se juntaram aos indígenas no Sacred Stone Camp, na suplente Standing Rock. A situação no acampamento ficou tensa. Policiais de Dakota do Setentrião e guardas particulares contratados pela Energy Transfer Partners entraram em confronto com manifestantes, agindo de forma truculenta e violenta. Centenas de manifestantes ficaram feridas e outras centenas foram presas.

Isso levou a ONU a manifestar sua preocupação com violações da soberania e dos direitos dos indígenas. Apesar dos protestos, o oleoduto começou a operar em 2017. E a Energy Transfer continuou com os processos judiciais contra o Greenpeace.

O júri que condenou o Greenpeace impôs a multa alegando perdas e danos e citando acusações que incluem invasão de propriedade, perturbação, conspiração e privação de chegada a propriedade.

No processo, a Energy Transfer acusa o Greenpeace de ter orquestrado aqueles protestos e se vale de um argumento racista, porquê se os povos indígenas não tivessem capacidade de se auto-organizarem e liderarem ações contra as violações de seus direitos. É uma estratégia que visa criminalizar, silenciar e ultimar com as entidades ambientalistas.

Essa vaga de criminalização e ataques às organizações ambientalistas, de direitos humanos e de resguardo a democracia parece se acirrar em várias partes do mundo, principalmente com o negacionismo climatológico de alguns líderes.

Quem não lembra da CPI das ONGs, proposta pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM) em 2019?

Donald Trump acabou com a Usaid, umas das mais importantes agências humanitárias do mundo, que financiava o desenvolvimento internacional —inúmeras organizações de base foram afetadas.

No Paraguai, foi aprovada uma lei antiONG para ultimar com o financiamento dessas organizações.

Nesse cenário, não exclusivamente o Greenpeace porquê muitas pequenas organizações de base que promovem políticas públicas onde o Estado é ausente vêm sendo afetadas e podem deixar de viver.

Minha solidariedade ao Greenpeace.

E seguiremos resistindo.


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