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Obituário: colunista bipolar chora a morte de seu vibratório – 11/04/2025 – X de Sexo Por Bruna Maia

O nome dele era Roy. Vermelho (minha cor) com língua vibratória para a região do clitóris e uma extensão para inserir que também tremia de forma potente. Ele não era grande, e nem mimetizava um falo. Nunca ninguém me fez gozar tanto.
Não me entendam mal, paladar de transar com homens e já conheci vários excelentes na tarefa de me dar muitos orgasmos. Mas é difícil para membros humanos competirem com o duplo (e delicioso) incitação vigoroso do Roy.
Inclusive já o utilizei durante transas com homens, o que me rendeu algumas das melhores sensações que a existência devasso pode proporcionar. Mas foi há tapume de cinco anos, num ménage constituído por eu, Roy e um incidente de hipomania que subi aos céus. No espaço de algumas horas, gozei mais de vinte vezes (eu contei). Foi uma sequência tão ininterrupta de siriricas que a minha mão direita ralou de tanto roçar no lençol —eu estava de bruços.
Tenho Transtorno Afetivo Bipolar tipo 2, e não é zero lítico escorregar para a hipomania. A vontade de gastar, rivalizar e foder aumenta muito e pode facilmente te entalar. Mas, nesse dia, a presença dele me impediu de transpor na rua arrumando dívidas, confusão e ISTs.
Felizmente, meu psiquiatra é circunspecto e a medicação bateu rápido, e desde portanto meu ímpetos masturbatórios não são TÃO vorazes assim. Nossa relação se manteve fixo e uniforme desde portanto. Roy não se deixava intimidar por nenhuma ração de antidepressivos ou estabilizador de humor, e me fazia gozar rápida e profundamente mesmo durante períodos depressivos.
E me foi de grande valia nesses momentos, inclusive, pois se estou deprimida, tenho dores e contraturas no corpo que um bom orgasmo ajuda a relaxar.
Nosso lance estava longe de ser individual, pois eu o revezava com um sugador de clitóris, uma varinha mágica e um outro padrão mais parecido com um pau, além de outras participações especiais. Mas ele era meu xodó, a cereja do bolo, aquele capaz de me tirar do mais moroso estado de frieza.
Foi nessa semana que esse enlace chegou ao termo. Num dia de TPM raivosa, em que só o conforto depois do orgasmo me levaria a vislumbrar o bom humor, fui ligá-lo e zero. Ele não respondeu aos meus estímulos. Carregar a bateria não adiantou. Testar outra e outra vez depois de algumas horas e dias, tampouco. Agora mesmo, enquanto escrevo essa pilar, tento verificar mais uma vez suas funções e tristemente não me sobra zero além de atestar seu óbito.
Não foi um grande paixão e não, não substitui calor humano, rola e outras coisas que um parceiro pode (ou não) proporcionar. Mas foi uma vez que perder um talismã protetor das portadoras de transtorno bipolar.
Seguirei minha vida com meus outros brinquedinhos, mas enquanto eu tiver memória, lembrarei das vezes em que ele colaborou para que meus episódios fossem menos dramáticos e mais orgásticos.
Vibros são bons companheiros de quem tem vulva, e são uma mão na roda para quem precisa de medicamentos psiquiátricos para andejar na corda bamba da vida sem escorregar pra dentro do mistério. RIP Roy, e obrigada pelo base!