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Nem todo investimento ‘bom’ é bom para você – 02/03/2025 – De Grão em Grão

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Imagine alguém entrando em um restaurante e perguntando ao garçom: “Esse prato é bom?”. A resposta, por si só, não significa muito. Depende do paladar da pessoa, da míngua que ela tem, se prefere um tanto mais ligeiro ou mais suculento. Nos investimentos, essa lógica também se aplica: não basta saber se um resultado é “bom”, mas sim se ele é adequado para você. Muitos perguntam: “Tenho um CDB, é bom?” “Tenho ações, é bom?” “Tenho previdência privada, é bom?”. Embora essas perguntas pareçam naturais, focam o ponto inexacto. O problema não é se um resultado solitário é bom ou ruim, mas se ele faz sentido dentro do seu planejamento financeiro.

O primeiro passo para qualquer decisão financeira não é julgar um ativo isoladamente, mas entender as suas necessidades. Cada investidor tem objetivos distintos, perfis de risco diferentes e horizontes de investimento variados. O que funciona para uma pessoa pode ser totalmente inadequado para outra. Por isso, a pergunta correta não é “esse investimento é bom?”, mas sim “o que eu preciso para inferir meus objetivos financeiros?”.

Por exemplo, alguém que deseja comprar um imóvel em poucos anos e investe tudo em ações pode enfrentar problemas caso o mercado passe por um período de queda. Nesse caso, a alocação deveria priorizar liquidez e previsibilidade. Já um investidor de longo prazo, que pode mourejar com oscilações, pode se beneficiar mais de ativos com maior potencial de valorização, mesmo que apresentem volatilidade a limitado prazo.

A falta de adequação do resultado à carteira consolidada, ao planejamento financeiro e perfil do investidor rotineiramente leva a frustração ou impaciência. Dois sentimentos que, normalmente, resultam em decisões erradas sobre a carteira e, consequentemente, piores retornos.

Nesse sentido, o planejamento financeiro é principal. Ele deve considerar fatores uma vez que liquidez, urgência de fluxo de caixa em diferentes horizontes de tempo, objetivo de retorno e tolerância ao risco.

Se um investidor precisa de liquidez para emergências, mas está todo alocado em ativos de longo prazo, ele pode enfrentar problemas uma vez que prejuízos na venda de produtos e até mesmo a impossibilidade de acessar os recursos. Se procura segurança, mas investe em ativos altamente voláteis sem estar prestes para as oscilações, pode tomar decisões impulsivas e prejudicar sua rentabilidade.

Muitas vezes a procura do resultado ótimo é na verdade fruto da ganância de lucrar mais. Nos investimentos, ganância é a bússola que aponta para o mistério: seduz com promessas de ganhos fáceis, mas frequentemente conduz a decisões precipitadas e consequências desastrosas. Costumo lembrar a citação frequentemente atribuída a Sêneca: “Não é pobre o varão que tem pouco, mas o varão que deseja mais”.

Em vez de perguntar se um investimento é bom, a abordagem correta é julgar se ele se encaixa na sua estratégia pessoal. Assim uma vez que um prato pode ser magnífico para um paladar e inadequado para outro, um investimento pode ser ótimo para um perfil e ruim para outro. O melhor investimento não é aquele que todo mundo elogia, mas sim o que faz sentido para você. Antes de perguntar se um ativo é bom, pergunte se ele é bom para o seu planejamento financeiro.


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