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Marc, você não está sozinho – 16/03/2025 – Bianca Santana

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Com tristeza li a pilar de seu pai, Jamil Chade, contando sobre a violência que você sofreu na escola. Eu adoraria redigir para você não se preocupar e prometer que nunca vai ser deportado. Mas não posso fazer isso porque até mesmo com crianças o sem razão acontece.

Posso manifestar a você o que disse para o meu fruto quando uma vizinha, aos berros, exigiu que saísse do prédio no qual a gente mora, na chuva, porque ele estava sem o reconhecimento facial do portão e ela gritou que não tinha porquê saber se era um bandido.

Primeiro, zero que você e o Lucas tenham feito justifica o que ouviram. Vocês não podiam ter sido ofendidos devido a nacionalidade, tom da pele, cabelo ou roupa que usavam.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sobre a qual você deve ter aprendido, Estados Unidos, Brasil e mais 46 países assinaram a declaração universal dos direitos humanos que define em seu primeiro item: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em pundonor e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Espírito esse que já foi valorizado no tino geral e que, cada vez mais, tem sido substituído pela premissa de que estamos uns contra os outros. O Estado, que deveria proteger todas as pessoas, e assim possibilitar que cada uma abra mão da violência, incentiva e pratica o horror contra alguns grupos.

Pessoas negras, indígenas, imigrantes nunca deixaram de ser alvos, nem do próprio Estado.

O segundo item estabelece que: “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta enunciação, sem relevo de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem pátrio ou social, riqueza, promanação, ou qualquer outra requisito”. E para prometer a mesma capacidade a todas as pessoas, elas precisam ser tratadas como diferentes.

Uma vez que aquele meme famoso explica direitinho, para pessoas com alturas diferentes conseguirem ver a um jogo de futebol supra de um muro, cada uma precisa de um banco de profundidade dissemelhante.

O banco com profundidade suficiente para a pessoa mais subida não vai ajudar a mais baixa a ver o jogo. As políticas públicas precisam considerar as diferenças para prometer direitos iguais para todas.

Mas você está vendo no noticiário que aí nos Estados Unidos o presidente está obrigando os órgãos do Estado, as universidades e quem mais recebe moeda público a interromper políticas efetivas de equidade, que oferecem oportunidades diferentes aos diferentes com o objetivo de produzir paridade e justiça, dizendo que elas promovem discriminação.

Uma retórica simplista, compreendida e repetida sem dificuldade por crianças de 10 e 11 anos no recinto da escola. Crianças que aprendem, com o próprio presidente, novas palavras para ofender os amigos.

Sua colega errou. Trump está errando. E você deveria ouvir pedidos de desculpas de ambos, que poderiam aprender com o erro, e não ofender imigrantes ou quaisquer pessoas nunca mais.

Posso manifestar a você e ao Lucas que somos muitas as pessoas resistindo à violência praticada e incentivada pelos Estados. Com você, Marc, estão as feministas, os movimentos negros, populares e internacionalistas dos EUA, do Brasil e do mundo todo.

Não há motivo para que você ou sua família seja deportada. E eu libido que isso nunca aconteça. Mas saiba que você tem muitas amigas e amigos no Brasil. Não está nem estará sozinho.


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