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Hanno Sauer: a invenção do muito e do mal – 25/01/2025 – Hélio Schwartsman

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Gostei de “The Invention of Good and Evil” (a invenção do muito e do mal), de Hanno Sauer. O livro é, literalmente, uma genealogia da moral. O responsável combina conhecimentos de vários campos da ciência com filosofia, a sua extensão de atuação, para nos recontar uma vez que o instinto moral surgiu em nossa espécie e se desenvolveu.

Sauer começa muito no início, 5 milhões de anos detrás, quando, por alguma razão geológica, nossos ancestrais se viram sem a proteção de uma frondosa cobertura vegetal e se tornaram muito mais vulneráveis a predadores do que os primos chimpanzés.

Essa mudança alterou a matemática da sobrevivência. Para não perecer, eles tinham de cooperar com seus semelhantes numa graduação inaudita para outros primatas. O instinto moral foi a resposta da evolução para esse problema.

O resultado, mensurável em nós, é que conseguimos trabalhar muito até com desconhecidos, mas criamos defesas contra a possibilidade de sermos explorados. Daí nosso tribalismo e nossa prontidão para punir trapaceiros.

Sauer continua em divisões por dez. Murado de 500 milénio anos detrás, começa a atuar com força um processo de autodomesticação, que excluiu de nosso pool genético os indivíduos mais propensos à violência e avessos à cooperação. Isso é visível na neotenia que marca nossa espécie.

O responsável segue nessa toada até chegar a 5 anos detrás, quando ganham destaque os movimentos sociais que clamam por maior paridade e as guerras culturais que passaram a contaminar a política de vários países.

No meio do caminho, Sauer revela diferentes facetas de nosso instinto moral. E o faz num diálogo produtivo com autores contemporâneos uma vez que Steven Pinker, Jared Diamond, David Graeber, Joseph Henrich, entre outros que estão mudando a forma uma vez que vemos a nós mesmos.

Acho que dá para proferir que Sauer é um otimista. Ele acredita que a moral mais nos une do que nos separa e que nossas opiniões são mais maleáveis do que pensamos. E, de toda maneira, a história da moral mostra que o círculo dos indivíduos, grupos e até de outras espécies que protegemos tem se expandido, não contraído.


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