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Em memória dos Pretos Novos – 20/04/2025 – Ana Cristina Rosa

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Os mortos falam. Não estou me referindo a nenhum incidente da série de investigação criminal CSI (Delito Scene Investigation) ou à existência de vida posteriormente a morte. Refiro-me à única epílogo óbvia quando se toma conhecimento das condições em que foram encontrados (por eventualidade, é bom manifestar) os sobras mortais dos africanos escravizados descartados no Cemitério dos Pretos Novos do Valongo, que funcionou na região hoje conhecida uma vez que Pequena África, no RJ.

Antes de serem jogados numa cova rasa, em vala generalidade, esses corpos eram “queimados, desarticulados, quebrados, retorcidos, espalhados pelo terreno, depois revolvidos, remexidos e reagrupados de combinação com seus tamanhos”, conforme o livro “Pretos Novos do Valongo – escravidão e legado africana no RJ”. Um totalidade desrespeito à cosmogonia africana, na qual um enterro digno é exigência para o folga em sossego e na companhia dos ancestrais.

No Instituto dos Pretos Novos (IPN), organização sem fins lucrativos que funciona em dois casarões construídos no século 18 sobre a extensão do logo campo santo, os mortos falam e dizem muito sobre a desumanização de pessoas tratadas uma vez que objetos ou animais de fardo. O que restou dos milhares de negros que faleceram recém-chegados ao Brasil pelo Cais do Valongo e foram enterrados no Cemitério dos Pretos Novos se encontra preservado e em estudos pelo instituto.

Mas há gente determinada a embatucar essas vozes saídas da cova em formato de ossadas humanas para atestar os horrores praticados contra africanos e seus descendentes nos quase 400 anos do período escravista no Brasil. Para além da falta ou escassez de financiamento para preservar a memória da escravidão, o Estado também cria problema. Por exemplo: há alguns dias, a Prefeitura do Rio de Janeiro providenciou notificação de penhora e avaliação dos imóveis que abrigam o Cemitério por dívida de IPTU.

O tratamento devotado pelo poder público à memória vernáculo é vergonhoso, mas diz muito sobre a sociedade brasileira. Continuo na semana que vem…


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