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Desvendando a sutil arte de identificar uma anêmona fóssil – 27/01/2025 – Darwin e Deus

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Faz mais de vinte anos que escrevo sobre a paleontologia feita no Brasil, e uma coisa que me enche de empolgação é tentar mostrar aos leitores que a dimensão está repleta de coisas tão interessantes quanto os famigerados dinossauros. Na semana que passou, por exemplo, tive a oportunidade de falar das anêmonas (invertebrados marinhos parentes das águas-vivas, mas que se fixam no leito) de mais de 400 milhões de anos descobertas em diversos pontos do território do Ceará.

Só tem um problema: será que é mesmo verosímil provar que determinadas estruturas fósseis correspondem mesmo a antigas anêmonas?

A questão é que se trata de um bicho de corpo tenro e estruturalmente simples, basicamente um tubo com boca e tentáculos. Assim, algumas das anêmonas fósseis identificadas até hoje foram contestadas por outros pesquisadores, para quem fatores abióticos (não vivos) do envolvente marítimo poderiam produzir aglomerados de rocha com formas enganosas.

Perguntei sobre esse duelo a uma das coautoras do novo estudo sobre as anêmonas cearenses, a pesquisadora Sonia Agostinho, da Universidade Federalista de Pernambuco. Confiram o que ela me disse.

“A saliência entre estruturas geológicas e os moldes preservados de anêmonas do mar é um duelo multíplice. Devido à simplicidade morfológica desses organismos e à fragilidade de suas partes moles, porquê tentáculos, que raramente se fossilizam, pode ocorrer confusão na tradução de tais estruturas.

Esse debate é recorrente na comunidade científica, com diversos estudos buscando estabelecer critérios para diferenciar estruturas biogênicas de marcas sedimentares abiogênicas. Além da presença de características anatômicas preservadas, a estudo do contexto ambiental velho pode fornecer evidências cruciais para a identificação de estruturas biogênicas, porquê as produzidas por anêmonas.

Uma das evidências que reforça a hipótese desses moldes serem reconhecidos porquê anêmonas do mar é o trajo de que muitos espécimes estão preservados com a região aboral [a parte abaixo da boca] expandida, podendo apresentar variações na fisa, uma estrutura útil no processo de escavação do substrato inconsolidado [o leito marinho onde a anêmona se enterra]. Aliás, a tomografia computadorizada revelou a presença de uma cavidade interna e estruturas anelares, que são comparáveis aos músculos transversais desses animais.”

Ao que parece, portanto, vai ser difícil questionar a validade dos fósseis brasileiros.


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