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despedida de Llosa merecia romance melhor

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Com seu violão, Lalo Molfino arrebata o crítico. Poucas notas são necessárias para Azpilcuta ter a certeza de estar diante de um dos maiores músicos da história do país. Tamanho brilhantismo só poderia ser sucedido de um sucesso estrondoso. Isso se Lalo Molfino não desaparecesse sem deixar rastro.

Logo, Azpilcuta mergulha numa procura pelo artista e, depois, por compreender a sua trajetória. Se ninguém mais pode ouvir o violão de Lalo, que todos conheçam a sua história. Um livro pensado para homenagear o músico e, também, contribuir para solucionar os grandes problemas do país: é o que Toño Azpilcuta se propõe a ortografar.

A história de Lalo e as ideias de Azpilcuta convergem. Lalo nasceu na miséria, foi desprezado num lixão e cresceu tendo a música – seu violão, supra de tudo – porquê esteio. Azpilcuta aprecia principalmente a música que nasce das adversidades e, mesclando influências de diferentes origens, carrega o que seria as verdadeiras marcas de um país. Isso, numa visão utópica, poderia se transformar num vetor decisivo de associação e pacificação social.

A arte porquê o caminho para qualquer tipo de resgate ou salvação coletiva é a classe mais evidente do livro que Azpilcuta deseja ortografar. Enquanto se debate com a forma para as suas convicções, novas ideias surgem e a sede do responsável aumenta. Bom ver a luta entre instituidor e pessoa mesmo para a elaboração de uma não ficção – e cá ainda falo da guerra travada entre o personagem e seu livro dentro da ficção.

Só que Llosa constrói essa história com uma narrativa que soa cansada, pontuada por diálogos aquém de um responsável de seu tamanho. Ao intercalar o enredo principal com capítulos de pegada ensaística sobre a história da música peruana, comete um erro frequente em nossos dias, mas nem por isso perdoável: impregna o romance com discursos que prega por aí, transformando o narrador num ventríloquo do próprio plumitivo.

Ou por outra, perde a chance de trabalhar com calma algumas questões presentes em “Dedico a Você Meu Silêncio”. O terror do Sendero Luminoso e a prestígio do trabalho da mulher para que Azpilcuta possa se destinar às ideias e fantasias são dois exemplos. A imagem de ratos a corroerem tanto o emocional do personagem quanto partes do país também merecia um melhor aperfeiçoamento.



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