Crise no Maláui gera ação judicial posteriormente mortes causadas por elefantes transferidos por ONG

A tentativa de salvar elefantes ameaçados acabou se transformando em uma tragédia humana no Maláui. Em seguida a realocação de mais de 250 elefantes para áreas próximas ao Parque Pátrio de Kasungu, moradores locais decidiram acionar a Justiça contra a ONG responsável pelo projeto, alegando que a presença dos animais tem causado devastação e mortes.

Segundo relatos de moradores, desde a chegada dos elefantes em 2022, ao menos dez pessoas morreram, outras ficaram feridas e diversas plantações foram devastadas. A ONG International Fund for Bicho Welfare (IFAW), que financiou e apoiou a transferência dos animais, é meta do processo, que pode ser julgado na Subida Golpe da Inglaterra.

A ação está sendo conduzida pelo escritório britânico Leigh Day e reúne vítimas do Maláui e da vizinha Zâmbia, que também foi afetada pelos deslocamentos dos animais. Os moradores exigem indenizações e cobram medidas concretas de proteção, uma vez que a instalação de cercas adequadas para moderar os elefantes.

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O projeto de realocação foi motivado pela superpopulação no Parque Pátrio de Liwonde, mas o resultado foi um aumento drástico nos conflitos entre humanos e elefantes. Moradores afirmam que os animais circulam livremente entre as áreas residenciais, destruindo lavouras e atacando pessoas.

Mike Labuschagne, ex-funcionário da IFAW, criticou a idealização do projeto. “Venderam a teoria de convívio pacífica entre elefantes e pessoas que vivem da lavradio, sem qualquer infraestrutura para tornar isso provável. É uma fantasia criada para deleitar doadores estrangeiros”, declarou à dependência AFP.

Casos uma vez que o de Kannock Phiri, que perdeu a esposa em um ataque de elefantes enquanto ela colhia vegetais, tornaram-se comuns. O rebento mais novo do parelha, que presenciou a cena, sobreviveu por pouco. “Nos deram um caixão e um pouco de comida para o funeral. Depois sumiram. Nenhuma assistência”, contou.

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Outro morador, colono de 73 anos, relatou que perdeu cinco safras exclusivamente em 2024, devido à devastação provocada pelos elefantes. “Antes da relocação, colhia 35 sacos de arroz. Leste ano, não sobrou zero.”

Apesar de já possuir elefantes na região, os moradores relatam que a situação só piorou posteriormente a chegada do novo grupo. A falta de barreiras efetivas entre o parque e os povoados contribuiu para o aumento dos confrontos.

Em resposta, a IFAW declarou que atuou exclusivamente uma vez que colaboradora técnica e financeira, e que a responsabilidade pela operação é do governo do Maláui. Os moradores, no entanto, cobram que a ONG assuma sua segmento na crise. “Não queremos guerra com os elefantes. Só queremos viver em tranquilidade e com segurança”, disse um dos autores da ação.