“Em política, uma cousa de zero desvia o curso da campanha e dá a vitória ao competidor”, ensina Camacho, personagem do “Quincas Borba” que tinha uma frase inútil para todas as ocasiões. Com esta, tenta convencer Rubião a se candidatar a deputado. Uma vez que se sabe, o protagonista do romance de Machado de Assis acaba mal. Enlouquecido, nem as batatas do vencedor ele leva.
Confiando no vestimenta novo, a coisa de zero que muda o rumo da história, os presidenciáveis de 2026 estão alvoroçados diante de uma disputa que se apresenta ocasião, sobretudo com a queda de popularidade de Lula e a inelegibilidade e a prisão dada uma vez que certa de Bolsonaro.
No arraial da direita, a luta é pelo espólio do capitão. Difícil, porque a transferência de votos não se dá num passe de mágica. A estratégia é evitar a fragmentação. Complicado, pois os nomes, mesmo desconsiderando os outsiders, são muitos: Tarcísio, Caiado, Zema, Eduardo Leite, Ratinho Jr. E a vaidade e a sede de poder, maiores ainda.
Em procura da unidade, os caciques do União Brasil, PP, Republicanos e Podemos já se afinam por uma candidatura em conjunto, que exclui não só Bolsonaro uma vez que os filhos Flávio e Eduardo e a ex-primeira-dama Michelle.
Rivalizando com duplas sertanejas, a federação Caiado-Gusttavo Lima anunciou a pré-campanha em formato de turnê vernáculo. Sem penetração fora de seu estado, o governador de Goiás periga ser engolido pelo cantor ligado às bets. Por seu lado, Zema contratou um marqueteiro, aumentando a chance de nascer mais vezes comendo banana com casca.
No país em que boa segmento dos eleitores defende a ditadura militar, a tortura e a eliminação de adversários políticos, Tarcísio sente-se à vontade para mentir —diz que o ex-presidente “nunca se envolveu com qualquer movimento antidemocrático”— e pôr em incerteza, uma vez que fazia Bolsonaro, a conduta das instituições de Estado, no caso a investigação da PF e a denúncia da PGR. Fora da família, ele é quem mais agrada à seita. Além de ter a simpatia do deus-mercado.