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Bolsa é o melhor veículo para apostar em queda de juros futura? – 21/03/2025 – De Grão em Grão

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Imagine que você tem a chance de apostar em uma corrida de cavalos. Um deles corre em traço reta, em pista plana, com velocidade previsível. O outro corre em zigue-zague, em terreno irregular, e às vezes até para no caminho. Agora, imagine que te dizem que o vento vai mudar e soprar em prol. Qual cavalo você escolheria para lucrar com esse vento? É disso que estamos falando quando alguém diz: “vou comprar ações porque os juros vão tombar”.

Depois do último aumento da Selic e da sinalização de que o ciclo de subida pode ter mais um movimento e estar perto do término, muitos investidores começam a recontar os dias para voltar à Bolsa. A teoria parece lógica: juros menores no porvir favorecem os ativos de risco. Mas será que essa lógica se aplica da mesma forma a todos os investimentos?

Uma vez que Warren Buffett já alertou, “o maior erro que os investidores cometem é não pensar nos investimentos uma vez que negócios”. E negócios têm mais variáveis do que somente os juros.

O movimento de queda da taxa Selic, de indumento, favorece ativos que possuem fluxo de caixa projetado para o porvir. Um título público prefixado, por exemplo, é uma promessa clara de pagamentos futuros. Se os juros caem, o valor presente desses pagamentos sobe. Consequentemente, o preço do título sobe também.

Ações também têm fluxos futuros, enfim as empresas pagam dividendos. Mas ao contrário da renda fixa, esses fluxos são incertos. Eles dependem do desenvolvimento da empresa, das margens, do câmbio, da crédito do investidor, da política econômica e até de fatores externos. A taxa de juros é somente uma variável nesse conjunto.

Veja a diferença com um exemplo simplificado. Um título que paga R$ 1.000 em 10 anos, com taxa de desconto de 10% ao ano, vale hoje muro de R$ 385,5. Se essa taxa tombar para 8%, o mesmo título passa a valer R$ 463,2 um lucro de 20%. O retorno é direto, automático. Já em ações, a queda de juros pode até ajudar, mas se o lucro da empresa tombar ou a crédito desvanecer, o preço da ação pode continuar no pavimento.

Isso não quer expressar que investir em Bolsa seja falso. Pelo contrário, para investidores que aceitam o risco, pode fazer segmento de uma carteira de longo prazo. Mas fazer isso com base em um único fator é um erro de julgamento. Para conquistar o efeito direto da queda dos juros, o veículo mais eficiente é a renda fixa de longo prazo. Mormente os títulos prefixados ou atrelados ao IPCA com vencimento de longo prazo.

Portanto, antes de decorrer para a Bolsa, pense uma vez que um investidor de verdade. Se sua aposta é na queda dos juros no porvir, o cavalo patente para isso já está na pista: ela se labareda renda fixa.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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