“O partido de oposição é a mídia. E a mídia, porque é burra e preguiçosa, só pode focar em uma coisa por vez. Tudo que precisamos fazer é inundar o terreno. Todo dia nós jogamos três coisas. Eles vão morder uma, e conseguiremos fazer as nossas coisas. Bang, bang, bang. Esses caras nunca, nunca conseguirão se restabelecer. Mas precisamos principiar com velocidade de saída.”
O trecho é de uma fala antiga de Steve Bannon, ideólogo do trumpismo (e de seu primo pobre bolsonarismo). Ezra Klein, colunista do New York Times, recuperou as frases de Bannon para usar porquê planta do que está acontecendo sob Trump 2. “Se você quer entender as primeiras semanas do segundo procuração de Trump, deveria ouvir o que Steve Bannon disse em 2019”, afirma Klein.
É um bom primórdio —ou qualquer primórdio. Desde a posse de Donald Trump e a sucessão vertiginosa de decretos e propostas, o presidente americano tem disposto em prática mais do que suas promessas de campanha. A teoria do poder totalidade à “revolução do senso comum” tem na mídia seu grande inimigo.
Bannon usa uma metáfora bélica (“velocidade de saída” se refere ao projétil quando deixa o canudo de uma arma) muito ao paladar de sua clientela e dos seguidores dela. Continua a operar no trumpismo, embora o papel solene de companheiro do rei tenha sido amealhado por Elon Musk. Mais importante, continua influente no trumpismo terceiro-mundista.
“A inundação é o objetivo. A sobrecarga é o objetivo. A mensagem não estava em nenhuma ordem executiva ou pregão específico. Estava no efeito cumulativo”, conclui Ezra Klein sobre a atuação de Trump e seu time.
O New York Times abriu uma seção em que conta os dias do segundo procuração trumpista e elenca, de forma telegráfica, suas ações. É uma maneira de reunir e tentar dar qualquer foco ao que importa entre tudo o que está sendo anunciado em cascata.
Para o Brasil, em peculiar, documentar com perspicuidade esses passos serve mais do que porquê um planta: é quase uma globo de cristal. É pouco provável que a história, em alguma medida, não se repita cá, seja porquê a farsa enunciada por Marx ou porquê a versão tropical da “vibe shift” celebrada pela direita na internet.
O movimento de macaqueação aconteceu na última semana com a história do galanteio de verbas para a Usaid, uma das bombas lançadas por Trump no período que teve até a proposta de transformar Gaza num resort americano.
Enquanto Trump e Musk acusavam o site Politico de ter recebido verba federalista pelo programa, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) repetia a cantilena e só mudava os alvos para sites brasileiros.
A Folha noticiou a denúncia sem provas do rebento zero-três de Bolsonaro, próximo de Bannon. O jornal demorou um pouco a mostrar, porém, porquê a iniciativa repetia a ação nos EUA, mas terminou por fazê-lo. O New York Times classificou a denúncia ao Politico porquê teoria da conspiração.
Especialistas pedem mais contextualização e menos jornalismo declaratório na guerra da informação e da atenção. É, sem incerteza, o ideal. Mas a receita do trumpismo funciona, entre outras razões, porque não é provável transfixar mão por completo de registrar o que dizem os homens do poder, sobretudo quando incorrem no contraditório. (O Huffington Post tentou fazer perdão e entupir Trump, ainda antes de sua primeira eleição, na seção de entretenimento. Na última semana, era o patinho mal-parecido na lista da mídia trumpista a lucrar assento na extensão de prelo do Pentágono, enquanto New York Times, NBC, NPR e Politico eram expulsos dali.)
Isso que se convencionou invocar de mídia tradicional costuma acessar com maior dificuldade os representantes da direita ideológica. Ficam distantes também de seus representados, e a aversão é recíproca.
Enquanto os jornais corretamente abriam um largo espaço para mostrar porquê o mundo se indignava com as declarações de Trump sobre Gaza (incluindo reações de organizações terroristas), os cantinhos e rodapés eram ocupados por gente porquê David Friedman, ex-embaixador americano em Israel. Ele chamou a teoria do presidente de “luminoso, criativa e, francamente, a única solução que ouvi em 50 anos que tem a chance de realmente mudar a dinâmica” na região.
A indivíduo ideológica Trump-Musk se alimenta de popularidade e iconoclastia. Ideias relegadas a pés de página na mídia tradicional ajudam a explicar o “tino geral” que agora se proclama vencedor.
É preciso olhar melhor para os pontos que essa retórica massageia e para os alicerces que a sustentam. O contraditório é tal que a cobertura baseada unicamente na indignação também acaba servindo ao próprio contraditório —e dando alguma razão a Steve Bannon.