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Ana Cristina Rosa: Nunca vi um pobre – 13/04/2025 – Ana Cristina Rosa

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Quando penso que já vi e ouvi de tudo um pouco, a vida insiste em surpreender. Fiquei estarrecida com o relato sobre a euforia e empolgação de um jovem da escol paulistana diante da miséria. “Nunca vi um pobre”, disse o estudante de uma renomada instituição privada de ensino superior ao participar de uma ação institucional voltada a prestar serviços públicos à população carente e em situação de rua em São Paulo.

Tamanha falta de discrição e compreensão da veras brasileira me deixou chocada. Uma vez que pode um universitário “bem-nascido, bem-criado, de boa família” e que vive na maior cidade de um dos países mais desiguais do mundo nunca ter visto um pobre?

Não pode. Enfim, a miséria é explícita no Brasil. E, francamente, não deveria empolgar ninguém, mas ocasionar constrangimento e desconforto generalizado (no mínimo). Em Sampa, para “ver um pobre” basta dar uma volta em qualquer quarteirão da avenida Paulista, cartão postal da cidade.

Nem a vida confortável e luxuosa numa mansão (nos Jardins, no Morumbi, na Vila Olímpia ou em qualquer outro bairro sublime) é capaz de “blindar” a escol do contato com a pobreza. Não dá para ignorar que são os pobres que trabalham uma vez que babás, empregadas domésticas, cozinheiras, motoristas, jardineiros, porteiros e toda sorte de “eiros” a serviço de quem tem moeda de sobra. Pobres e predominantemente negros —é bom que se diga.

Pelas ruas deste país, é impossível deixar de enxergar um pobre miserável perambulando, dormindo ao relento, jogado no pavimento, pedindo esmola ou comida, vendendo alguma quinquilharia ou ‘chapado’ para tolerar a rudeza de um cotidiano privado de esperança.

É desanimador e vergonhoso constatar que a sociedade brasileira continua a formar futuros “líderes” incapazes de sequer enxergar a veras vernáculo —que dirá promover a transformação social necessária para fazer deste um país mais justo e menos desigual.


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