Esporte
A história da primeira geração de mulheres que pôde jogar globo no Brasil

Eu tinha sete anos quando fui tirada da quadra do escola na hora do recreio por duas professoras que me disseram: moça não joga globo. Moçoila brinca de boneca. Arrastada até uma sala onde meninas celebravam o natalício de uma boneca eu sentei no solo e chorei. Na mesma era, nas periferias e nos subúrbios, mulheres ousavam praticar um esporte proibido por lei para elas; durante 40 anos – de 1941 até 1981 – o futebol feminino foi proibido no Brasil. Era, diziam, “incompatível com a natureza da mulher e prejudicial à maternidade.
Com a queda da perversa lei o futebol feminino começou a ser praticado. Marginalizado, empobrecido, destratado mas, ainda assim, jogado. Os primeiros apoiadores foram Castor de Andrade e Eurico Miranda. Além deles, outro carioca, Eurico Lira, foi o maior incentivador e fundou o “Radar”, o clube mais poderoso dessa primeira temporada da retomada do futebol feminino.
Enquanto isso, já morando em São Paulo, eu nunca parei de jogar apesar daquele cruel encontro com a professoras no recreio e fazia segmento de times de forma amadora. Um dia, disputamos uma partida numa quadra de salão: era o time em que eu jogava e algumas jogadoras do Radar, aquela timaço, e, muito, digamos que nosso time não fez mal-parecido.