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um dia será normal nos apaixonarmos por um robô?

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Fincado no horizonte, o museu cristaliza o que rolou há alguns anos, resvala no nosso presente e trata porquê pretérito as muitas décadas que ainda teremos antes deste século terminar. O que parece iminente hoje —a mistura cada vez maior entre humanos e robôs, por exemplo— surge na escrita de Carrión porquê um tanto consumado.

Numa das camadas da trama, encontramos o paixão de Karla Spinoza, humana, e Maxi, um assistente de voz, aquilo que costumamos invocar, por enquanto, de perceptibilidade sintético. As fronteiras cada vez mais difusas entre veras e o que antes víamos porquê ficção especulativa. O hibridismo entre homens e máquinas. O olhar para o pós-humano. Com esses ingredientes, “Membrana” se aproxima de outro romance recente de língua espanhola, leste prateado: “Kentukis”, da supimpa Samanta Schweblin (Fósforo, tradução de Livia Deorsola).

Algumas perguntas ainda não respondidas de forma satisfatória se levantam: porquê será essa relação entre humanos e máquinas no horizonte, sendo que os limites entre um e outro são cada vez mais tênues? O virtual já é secção crucial do que entendemos com real, mas até onde essa mistura nos levará? Chegará o momento em que somente o virtual fará sentido, em seguida a implosão de todas as bases que temos para tentar estabelecer um parâmetro de veras geral entre pares de nossa espécie?

A pós-verdade é objecto do romance de Carrión, que ainda passa pelas violências do estado de Israel e os massacres na Palestina, vislumbra o papel do Brasil nesse mundo horizonte e mostra porquê as mudanças são uma de nossas poucas garantias. Tudo muda, sempre. Abri um sorriso quando descobri que o Camp Nou, estádio do Barcelona, passou a se invocar Lionel Messi.

“Membrana” também é um livro sobre a nossa premência de tentar organizar o pretérito de forma harmónico e edificar uma narrativa que faça sentido. Garimpamos na veras caótica e inapreensível elementos que ajudam a fabricar a teoria de que as coisas aconteceram de certa maneira, em determinada ordem, por conta de ações específicas.

Num museu, entendemos a história a partir do que ali está exposto e da forma porquê está organizado. Mas e tudo o que ficou para trás, e tudo o que ficou de fora, e as histórias não contadas, ocultadas, perdidas?



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