Está um clima de 1975 em Nova York. Mais de 80% da população da cidade não tinha nascido na estação, mas muitos devem saber a famosa revestimento de um tabloide que estampava, em outubro daquele ano, a manchete “Ford para a cidade: morra”.
O então presidente Gerald Ford tinha recusado o pedido de socorro feito ao governo federalista para resgatar a cidade, àquela profundidade prestes a quebrar financeiramente.
As finanças de Novidade York, cuja economia se aproxima, em tamanho, da economia do Canadá, estão hoje sólidas. A maior cidade americana está distante da decadência imortalizada em filmes uma vez que “Taxi Driver” e “Perdidos na Noite”.
Mas o clima é de mortificação. Vai ficando evidente que, neste segundo procuração, a metrópole que tanto rejeita seu fruto Donald Trump é também sua refém.
Nesta quarta-feira (5), a humilhação do combalido prefeito nova-iorquino Eric Adams foi exibida para o resto do país. Adams e os prefeitos democratas de Boston, Denver e Chicago foram depor numa percentagem da Câmara sobre as políticas de suas “cidades-santuário” —que protegem imigrantes sem documentos e limitam ações policiais da agência federal de imigração.
“Você está vendendo os nova-iorquinos em troca de fugir da Justiça?”, perguntou a Adams o deputado Robert Garcia. Ele fazia referência à decisão de Trump de forçar o Departamento de Justiça a suspender o processo criminal por corrupção e fraude que colocaria o prefeito no banco dos réus em maio. A suspensão é, no entanto, condicional, e deixa oportunidade a possibilidade de reinstalação das acusações se o prefeito democrata não ceder às pressões do presidente na caçada aos imigrantes.
O caso virou um escândalo quando uma promotora republicana se recusou a dar término ao processo. Ela afirmou não só havia indícios de crimes, uma vez que a decisão da pasta era baseada numa troca de favores proibido. Ela renunciou, junto com três colegas que também se recusaram a assinar o documento, o que provocou uma mediação do Departamento de Justiça.
O solene encarregado de monitorar as finanças de Novidade York propôs que o próximo orçamento elaborado em junho considere a possibilidade de uma crise fiscal. Os cortes de ajuda federalista atualmente em discussão no Congresso teriam efeito grave sobre a cidade em áreas uma vez que assistência de saúde, auxílios de moradia e víveres. O índice de pobreza em Novidade York neste ano bateu o recorde registrado na pandemia e já chega a 25%, quase o duplo da média vernáculo.
Mas o menu de maldades que o presidente suplente para a cidade que quer tornar um exemplo de seu poder imperial é mais vasto. Ele mandou cancelar o pedágio urbano iniciado em janeiro, uma taxa de US$ 9 para carros que circularem no núcleo de Manhattan de 5h às 21h.
O pedágio urbano se mostrou um sucesso: aliviou o congestionamento, aumentou a circulação de pedestres e reduziu o tempo de transporte para trabalhadores que dependem dos lentos ônibus nova-iorquinos. A governadora do estado, Kathy Hochul, promete desafiar a ordem, e associações locais já entraram na Justiça para manter o pedágio.
A eleição para prefeito, em novembro, também é sacudida pelo fator Trump. O ex-governador democrata Andrew Cuomo, que renunciou em 2021 sob uma denúncia de assédio sexual, lançou sua candidatura e tem cacife eleitoral para derrotar Adams. Cuomo assinou o conciliação para gerar o pedágio urbano em 2019, mas agora diz que é contra a medida.
Uma vez que dizia o taxista memorável vivido por Robert De Niro no filme de Martin Scorsese: “Estou com umas ideias ruins na minha cabeça”.