Na sexta (28), o mundo assistiu a um show de horrores inaudito na história recente da diplomacia ocidental. O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu vice, J.D.Vance, encurralaram Volodimir Zelenski, que há três anos luta contra o russo Vladimir Putin pela liberdade da Ucrânia.
O evento veio posteriormente falas insensatas do republicano, uma vez que “Você nunca deveria ter começado isso, deveria ter feito um negócio”, culpando a Ucrânia pela guerra, e invocar Zelenski de ditador.
Trump se alinhou a Putin, forjando um negócio que concede vitória ao invasor com a rendição do invadido e procura explorar minérios ucranianos.
Em esteio ao antiglobalismo de Trump, há reprodução de propaganda de Moscou, que acusa a Otan de não respeitar um negócio de não ampliação e a Ucrânia de tentar entrar na organização.
Tal negócio não existe. No Ato Fundador Otan-Rússia (1997), a entidade se comprometeu a não manter forças de combate permanentes nos novos Estados membros, mas não impediu adesões. E vários aderiam, inclusive na fronteira russa, uma vez que Estônia, Lituânia e Letônia. Não à toa.
Putin idolatra tanto o pretérito soviético uma vez que dos czares e funde história, nacionalismo e religião para justificar imperialismo.
Desde o término da URSS, o país esteve envolvido em ações militares na Moldávia, na Geórgia, na Chechênia e na Crimeia. Vale-se de conflitos híbridos para manter influência sobre ex-repúblicas soviéticas e de conflitos congelados que mantêm regiões num limbo jurídico e político.
As falácias pró-Putin também estão na esquerda, revelando a proximidade entre os extremos. Lula disse que Zelenski não pode querer tudo e que “ele é tão responsável quanto o Putin”; bolsonaristas que criticavam essa postura agora louvam a de Trump.
No meio do imbróglio ideológico, que denota desprezo por moral e direitos humanos, o autocrata russo amplia seu poder. E Putin não vai parar. Se tomar a Ucrânia, será lhano um precedente perigoso que colocará em risco a segurança da Europa e os princípios democráticos que outrora os EUA costumavam proteger.