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Sopro de originalidade – 22/03/2025 – Tostão

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Em uma partida equilibrada, porquê era esperado, a seleção brasileira, nos detalhes, venceu a Colômbia por 2 x 1. A vitória foi importante para melhorar a confiança, mas não apaga nem diminui os crônicos problemas do time.

Diante de uma marcação por pressão da Colômbia, porquê também era esperado, a seleção brasileira com somente dois jogadores no meio campo teve enorme dificuldade para fazer a transição da esfera da resguardo para o ataque e para conectar os dois do meio com os quatro da frente.

Aliás, na perda da esfera perto da espaço, aconteceu o gol da Colômbia. Poderia ter ocorrido outro se a Colômbia tivesse um melhor centroavante, perigoso mais e se Alisson não percebesse as dificuldades. O goleiro passou a dar passes longos e chutões.

Bruno Guimarães e Joelinton, acostumados no Newcastle a marcar e seguir, com a proteção de um volante concentrado, passaram a maior segmento do jogo próximos dos defensores. Por isso, Bruno sempre jogou melhor no time inglês do que na seleção.

Raphinha, que no Barcelona tem o regular e resplandecente base de um trio de meio-campistas, foi discreto contra a Colômbia. Por isso brilha tanto no time catalão. Um tanto parecido ocorre com Rodrygo e Vini. No Real Madrid, Bellingham consegue ser ao mesmo tempo meio-campista e meia atacante, o que facilita para os dois brasileiros. Mesmo assim, Vini sofreu um pênalti no primeiro gol e com um belo chuto fez o gol da vitória no último minuto.

As entradas de Savinho, Matheus Cunha e Wesley melhoraram o time pelas suas qualidades e porque a Colômbia já estava bastante cansada devido à marcação por pressão.

A seleção precisa melhorar. Todas as seleções do mundo têm o mesmo problema da falta de mais tempo para treinar. Porém, mais importante do que tempo é a presença de jogadores de talento, com estilos que se completam e com a capacidade de executar muito o que foi planejado. Bons times se fazem com muito treinamento. Grandes times surgem em pouco tempo. Há inúmeros exemplos na história do futebol.

Somente perto da Despensa de 1970 Zagallo definiu que o volante Piazza seria zagueiro, que o meia Rivellino seria um armador pela esquerda e que o meia atacante Tostão seria o centroavante. Fui um centroavante armador, já que a seleção não precisava de um centroavante somente bombeiro, já que tinha dois cracaços para fazer gols, Pelé e Jairzinho.

O tempo é relativo. A sabedoria consiste em saber usá-lo no tempo manifesto. Cruyff conta em seu livro que dias antes de iniciar a Despensa de 1974 o técnico Rinus Michels disse para os jogadores da seleção holandesa: “Uma vez que são raras as chances de ser vencedor, vamos fazer um pouco inovador”. Onde estava a esfera, havia vários holandeses para recuperá-la. Era a pelada organizada. Nascia, com poucos treinos, o carrossel holandês que encantou o mundo e é manancial de inspiração para a moderna marcação por pressão.

Uma vez que vimos no meio de semana, todas as principais seleções do mundo possuem deficiências. Independentemente das atuações e dos resultados do Brasil contra Colômbia e Argentina, a seleção brasileira é uma das candidatas ao título do mundial do próximo ano.

Porém, para permanecer mais perto da conquista, é preciso ter a opção de fazer um pouco dissemelhante, mostrar um sopro de originalidade.


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