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Semana de altos e baixos expõe desafios da novidade era espacial – 09/03/2025 – Mensageiro Sideral

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A última semana foi o retrato perfeito do que é essa novidade era da exploração espacial, movida por inovação, audácia, parcerias público-privadas e elevado risco. Altos e baixos, sucessos e fracassos, e muitas tentativas.

Começou no domingo (2), com a alunissagem do módulo Blue Ghost, da startup texana Firefly Aerospace. Foi o primeiro voo lunar da companhia e um pouso de folhinha, perfeitamente realizado e transmitido. Gerou os vídeos mais espetaculares de uma descida na Lua e, francamente, pareceu fácil. Não é, mas pareceu.

No dia seguinte, segunda-feira, a SpaceX tentou realizar o oitavo voo-teste integrado do seu veículo Starship, com o qual a Nasa espera realizar pousos lunares tripulados a partir de 2027. A descrição regressiva acabou interrompida faltando 40 segundos para a decolagem, por problemas com o foguete –ok, anomalias vez por outra são comuns a qualquer lançamento.

Menos esperado foi o voo, realizado finalmente na quinta-feira, ter tido exatamente o mesmo desfecho de seu predecessor imediato, com uma falha explosiva do segundo estágio ainda durante a ascensão, espalhando detritos pelo mar do Caribe. A SpaceX supostamente teria feito testes e modificações adicionais para evitar a repetição do problema, mas não rolou. Sinal de que ou fizeram um diagnóstico incompleto do que causou a irregularidade ou não criaram soluções suficientes para evitá-la, ou as duas coisas. A ver se a FAA (filial que autoriza esses voos de teste nos EUA) será tão rápida para liberar uma novidade tentativa com essa reincidência. De toda forma, é um revés significativo para a companhia, sobretudo em um momento em que Elon Musk tenta convencer o governo americano de que tudo que eles precisam para o programa espacial é a SpaceX, e quase zero mais.

Na mesma quinta-feira, outra empresa, a Intuitive Machines, tentou realizar seu segundo pouso lunar. No primeiro, realizado no ano passado, o módulo Odysseus tombou no contato com a superfície, mas a maior secção dos experimentos embarcados pôde ser realizada. Neste segundo, adivinhe só, a despeito de mudanças e aprimoramentos, aconteceu a mesma coisa –com o agravante de que o tombamento do módulo Athena nessa segunda missão praticamente inviabilizou qualquer teste científico e tecnológico mais relevante em solo lunar.

Esses episódios expressam uma novidade mentalidade no desenvolvimento de projetos espaciais, menos dependente de exaustivos testes de componentes e sistemas em solo (o que encarece as missões) e mais focada em testes em voo (onde o estágio é muito maior, mas também aumenta o risco de falhas). No longo prazo, devem propiciar redução de dispêndio e de risco nessas desafiadoras empreitadas. Mas zero impede que, no pequeno prazo, surjam situações embaraçosas.

Junto com o Athena, da Intuitive Machines, voaram de carona para o espaço no dia 26 de fevereiro a bordo do foguete Falcon 9, da SpaceX, três sondas de ordinário dispêndio: a Lunar Trailblazer, da Nasa (construída pela gigante Lockheed Martin), a Odin, da empresa de mineração espacial Astroforge, e a Chimera, da companhia Epic Aerospace. Dessas, só a última funcionou muito. A Odin já foi dada porquê perdida, e a Lunar Trailblazer perdeu contato, mas a filial espacial americana ainda luta para restabelecê-lo. Missões espaciais são difíceis, e missões espaciais baratas e rápidas são ainda mais difíceis.

Esta pilastra é publicada às segundas-feiras na versão impressa, em Ciência.

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