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Seja a feminista que você quiser, mas seja feminista – 08/03/2025 – Mariliz Pereira Jorge

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Nasci feminista, mas só descobri isso décadas depois. Foi quando comecei a ouvir mulheres dizerem que não havia as mesmas oportunidades no mercado de trabalho, nas escolhas das profissões, que não podemos ser estupradas por pretexto de uma saia curta ou tolerar violências que machucam por fora ou só por dentro. Tudo meio óbvio, mas precisava ser dito. Eu já sabia tudo aquilo, mas não tinha intimidade com um nome que andava em desuso, mas organizava o princípio substancial da luta contra a desigualdade de gênero, o feminismo.

Apesar de concordar com a maioria das pautas, não me identificava com aquela vertente barulhenta do movimento que ressurgiu no século 21, não mais uma vez que uma vaga, mas um tsunami. Demorei a me reconhecer feminista pela birra com os estereótipos até que percebi que o feminismo é plural, e tem essas características pelas própria flutuação feminina. Casadas, solteiras, com ou sem filhos, ideologicamente incompatíveis, religiosamente diversas, donas de casas ou empreendedoras, que se depilam ou não. Ainda que haja pautas mais e outra menos importantes, acaba tudo no mesmo balaio, que precisa ser repleto por todas nós.

Ao olhar para o meu pretérito e reconhecer minha mãe, minhas avós e minhas tias uma vez que feministas, entendi que não foi necessário que levantassem bandeiras para peitar injustiças, porque já viviam sob o signo do feminismo por questão de sobrevivência. A educação igualitária que recebi em mansão só foi provável porque essas mulheres abriram os caminhos para que eu pudesse passar com menos dificuldade. Eu não percebia o machismo ao meu volta porque meu pai nunca ergueu barreiras atreladas ao meu gênero para limitar o tipo de vida que eu trilharia. Pelo contrário, o recomendação que mais ouvi dele foi: “nunca dependa de ninguém, financeiramente ou emocionalmente”.

Enquanto feminismo vigente me causava certa ojeriza, abracei o meu próprio, que tem uma visão privado de uma vez que deve ser exercido, não ao meu bel-prazer, mas em razão de interesses coletivos. No pedestal a políticas públicas e iniciativas privadas que facilitem a inclusão da mulher no mercado de trabalho, na resguardo de uma legislação mais rigorosa contra violências, na valorização da figura feminina em todas as nossas áreas de atuação, em próprio naquelas em que ainda somos exceção.

No dia em que aprendi a vocábulo “sororidade” minha forma de olhar para outras mulheres mudou. Entendi que não precisava ser amiga ou gostar de todas elas para reconhecer que temos mais em geral do que o oposto. E que o bem-estar de todas passou a ser uma procura individual minha. Tenho visto cada vez mais mulheres se dizerem não feministas, enquanto mulheres agridem feministas, por puro ignorância de pretexto. Feministas desmerecerem aquelas que não andam na traço traçada por alguns movimentos.

O feminismo é a única saída para todas nós. Sem uma luta contínua pela paridade, nossas conquistas perderão força. E nossas forças se enfraquecem cada vez que uma mulher se vira contra a outra. Falta empatia, mas sobretudo união. E sem união continuaremos patinando nesse pântano de machismo. Seja a feminista que você quiser, a que puder, mas seja feminista.

Que o Dia Internacional da Mulher seja de reflexão e de carinho entre nós.


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