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Se papa Francisco pareceu radical, problema é do mundo – 26/04/2025 – Celso Rocha de Barros

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Quando o papa Francisco dizia que é impossível ser cristão e não dar prioridade aos excluídos, só estava citando o fundador da empresa milenar de que foi CEO nos últimos 12 anos.

Mesmo o portanto cardeal Joseph Ratzinger (horizonte papa Bento 16), em seu combate à Teologia da Libertação, deixava simples que “o escândalo das gritantes desigualdades entre ricos e pobres – quer se trate de desigualdades entre países ricos e países pobres, ou de desigualdades entre camadas sociais dentro de um mesmo território vernáculo – já não é tolerado” (“Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação”, 1984).

Não é coincidência que tenha vindo da América Latina, a região mais desigual da cristandade moderna, um papa que desse prioridade à luta contra esse escândalo específico.

Francisco também promoveu um salto na reflexão católica sobre o meio envolvente, que papas recentes (citados na encíclica) já vinham enfatizando.

Contra os que interpretam a instrução de Gênesis 1:28 uma vez que licença para o varão fazer o que quiser com a natureza, a Laudato Si lembra que Deus colocou o varão no Éden “para cultivá-lo e guardá-lo” (Gênesis 2:15). O documento final do Sínodo da Amazônia terminou com um apelo a “Maria, mãe da Amazônia“, para que “a vida plena que Jesus veio trazer ao mundo chegue a todos, mormente aos pobres”, e para que a igreja tenha “rosto amazônico” e “saída missionária”.

Francisco também realizou um ajuste pequeno, mas importante, na discussão da igreja sobre a comunidade LGBT. Admitiu a possibilidade de padres católicos abençoarem casais LGBT e casais formados por pessoas divorciadas. Em repetidos pronunciamentos, pediu que os católicos não julgassem os LGBT, mas procurassem antes de tudo amá-los.

Não foi a validação plena dos LGBT que católicos de esquerda uma vez que eu desejariam. Mas foi importantíssimo por mostrar qual exatamente é o tamanho dessa questão dentro do cristianismo. Quando Francisco disse “quem sou eu para julgar?” sobre os homossexuais, não estava se declarando incapaz de desaprovar alguma coisa que, oficialmente, ainda é vício. Finalmente, Francisco julgou muita coisa: a miséria, a degradação ambiental, a desigualdade.

Estava tirando o foco de uma taxa que ocupa um lugar completamente desproporcional no oração de movimentos políticos que se dizem cristãos. A homofobia uma vez que política funciona porque vende ao sufragista uma forma de se declarar cristão condenando o libido dos outros, não o próprio. E os LGBT são convenientemente minoritários na sociedade, de modo que o voto que se ganha entre a maioria hipócrita mais do que compensa o voto que se perde na minoria perseguida.

A maior segmento da Bíblia é sobre pecados que todos cometemos, mas é difícil se optar lutando contra os pecados da maioria. É melhor mentir, uma vez que faz a bancada fundamentalista, que a Bíblia é basicamente um livro falando mal da Pabllo Vittar.

Francisco fez uma bem-vinda mudança de foco para os pecados da maioria, o consumismo, a indiferença diante da miséria, a depredação da geração. Defendeu os pobres, e os mais pobres entre os pobres; os excluídos, e os mais excluídos entre os excluídos. É o que o Evangelho manda fazer. Se isso pareceu radical no mundo de hoje, o problema é do mundo de hoje.


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