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porquê mourejar com dor e sofreguidão no carnaval

Não acho que deixei de ser uma pessoa ansiosa, mas, de uns tempos pra cá, tenho tentado viver um dia de cada vez (considerei até mesmo tatuar esse clichê no braço, tamanho o esforço necessário para assumir esse compromisso). Talvez isso pareça um papo meio macio de reflexão e mindfulness, mas a diferença é realmente gritante.
Isso quer proferir que estou mais tranquila com a teoria de tomar decisões de última hora, de observar meu corpo e o ouvir que ele está dizendo, de não roteirizar minuciosamente uma viagem, de não fazer planos para o final de semana na segunda-feira. Em vez disso, sentir o que eu estou idêntico de fazer quando ajustar no sábado.
Essas coisas me pareceriam terríveis alguns anos detrás, mas percebi na prática o quanto isso pode me trazer serenidade. Fiz essa experiência nos últimos finais de semana, e a verdade é que sempre aparecem surpresas no meu caminho e, ainda melhor, consigo ser leal ao que eu realmente libido, e não os outros.
Neste Carnaval, fiquei em São Paulo e não marquei zero. Esses grandes eventos já são cansativos para todos, mas para alguém com dor crônica pode parecer uma prova de resistência do Big Brother. Acordei todos os dias sem saber o que eu iria fazer, e isso me deu uma liberdade enorme.
Consegui ir a dois bloquinhos e voltar pra mansão sem chorar de dor nos pés e nas pernas, porquê já aconteceu inúmeras vezes (obrigada, liceu!). Assisti ao Oscar com meus melhores amigos e pulei quando levamos o primeiro troféu do Brasil. Passei dois dias inteiros sozinha em mansão, vendo filmes e cozinhando.
Na segunda-feira, quando eu já estava encarando o meu segundo conjunto (e por vontade própria!), um companheiro me disse que ficava feliz quando me via fazendo coisas que eu não imaginava que conseguiria. Talvez eu tenha lastimado no meio da rua. Às vezes, nos apegamos às certezas arraigadas no nosso cérebro e paramos de malparar. Quem disse que eu não posso pular Carnaval?