Papisa Joana: finalmente, existiu uma mulher no trono papal?

A história de uma mulher que teria apanhado o trono papal no século IX é uma das mais antigas e controversas narrativas da tradição medieval europeia. Disfarçada de varão, a misteriosa Joana teria superado as barreiras impostas às mulheres da quadra, estudado em Roma e, por seus méritos intelectuais, apanhado a posição máxima da Igreja Católica.

Segundo a tradição, seu sigilo foi desvendado de forma dramática: prenhe, Joana teria oferecido à luz durante uma procissão, revelando sua identidade diante da povo. A reação popular varia nas diferentes versões: alguns relatos sugerem que ela foi linchada, outros que se retirou para viver em um convento.

Embora a história da Papisa Joana tenha sido amplamente difundida ao longo dos séculos, principalmente a partir do século XIII com autores porquê Jean de Mailly, Stephen de Bourbon e Martin da Polônia, a maioria dos historiadores modernos considera o incidente uma ficção criada para transmitir lições morais e substanciar papéis sociais tradicionais.

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Descrita em crônicas e romances, Joana teria nascido em Mainz, na atual Alemanha, filha de pais ingleses. Em procura de instrução — um pouco inacessível para as mulheres medievais —, teria fugido para Atenas e, posteriormente, chegado a Roma, onde se destacou porquê professora e membro respeitado da escol clerical, adotando o nome de João.

As vestimentas clericais da quadra teriam facilitado o socapa, segundo especialistas porquê Katherine Lewis, da Universidade de Lincoln. Mesmo assim, a narrativa da papisa serviu durante séculos porquê alerta moral, ressaltando, de maneira misógina, os perigos de mulheres ocuparem espaços tradicionalmente masculinos.

No período da Reforma Protestante, a história de Joana foi resgatada para hostilizar a mando papal, sendo vista porquê uma evidência da prevaricação da Igreja Católica. Em resposta, a Igreja passou a negar categoricamente a existência da Papisa, tentando expelir vestígios da mito.

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Apesar da falta de provas documentais concretas, há quem defenda a historicidade da figura. O arqueólogo Michael E. Habicht, em declarações ao Aventuras na História, sugeriu que moedas cunhadas na quadra reforçariam a existência de Joana, diferenciando-a de outros papas através de análises numismáticas e grafológicas. Para ele, o pontificado da Papisa teria ocorrido entre 856 e 858 d.C., num período que, segundo ele, teria sido posteriormente “desvanecido” dos registros oficiais.

A discussão sobre a Papisa Joana, entre mito e possibilidade histórica, continua a fascinar pesquisadores e curiosos. Mesmo que a maioria dos estudiosos contemporâneos a trate porquê personagem lendária, a força simbólica dessa história resiste ao tempo, iluminando as tensões sociais e culturais da Idade Média e além.