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Os ovos de Lula e Trump e a volta do inimigo do povo – 08/03/2025 – Vinicius Torres Freire

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos investiga se grandes produtores de ovos fazem conluio a fim de aumentar preços. Donald Trump fica entediado com esses assuntos, preço de comida, mas falou de ovos em seu discurso no Congresso, referto de mentiras, demagogia imunda, ódio e delírio narcisista. Ao que parece, a carestia por lá se deve ao grande massacre de galinhas da gripe aviária.

Em exposição para o pessoal do MST, Luiz Inácio Lula da Silva falou com ira santa de sua missão de encontrar um culpado pela carestia dos ovos. “Ainda não encontrei uma penosa pedindo aumento do ovo. A coitadinha sofre, ainda canta quando põe o ovo, mas o ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor, outros dizem que é a exportação. Eu estou detrás”, disse o presidente.

Detrás de quem? Do intermediário que “assalta” o povo, uma vez que também no caso do diesel, segundo o presidente. “A gente não quer que o produtor tenha prejuízo. O que nós precisamos é saber que tem atravessador no meio. Entre o produtor e o consumidor deve ter muita gente que mete o dedo no meio. E nós vamos deslindar quem é o responsável por isso”.

O que poderia parecer promessa de investigação logo se torna delação, tentativa sub-reptícia de mostrar um inimigo do povo. Falar de “atravessadores” para explicar carestias é demagogia que havia tombado de voga desde o Projecto Real, faz trinta anos.

Haveria conluios, cartéis? Pode ser. O presidente sabe? Mandou investigar, com os tantos meios à sua disposição? Não se sabe, mas Lula já ameaçou medidas “drásticas” caso os preços dos alimentos não baixem (em vez de medidas “pacíficas”). Se são medidas justas e eficazes, por que não teriam sido adotadas até agora? Se não é o caso, o que vai vir de “drástico”? Tabelamento, polícia?

Em maio de 2024, o preço do arroz aumentava ao ritmo de 27% por ano. O governo Lula inventou de importar o resultado a termo de vende-lo baratinho em sacos com propaganda governista. A compra cheirava a mutreta, foi cancelada. Tinha “coisa errada”, disse Lula (qual coisa errada, nunca se soube). O arroz ainda custa custoso, mas a subida anual de preços baixou a 1,2%, em janeiro. A demagogia saiu pela culatra, mas desde fins do ano pretérito se tornou o programa mais ativo desse governo com popularidade em baixa grande.

O governo agora zerou o imposto de importação de vários produtos. Em si mesma, em qualquer tempo, a medida é razoável, pois não há motivo de tributar importações de produtos em que o país é vencedor mundial. Alguma redução de dispêndio haverá, mas de impacto mínimo, se qualquer, no varejo, fora o risco de distorções e de privilegiar ricos.

A comida ficou mais faceta por desastres climáticos locais e mundiais, carestia global de mantimentos que vem desde a epidemia, e por culpa do dólar, sobranceiro também por culpa de políticas econômicas de Lula.

Os entendidos em ovo e produtores dizem que o período é de consumo sobranceiro e que a produção foi prejudicada pelo calorão. O que dizem os supermercados, possíveis “atravessadores”? Nas reuniões que teve com esses empresários, Lula os acusou de “meter o dedo” nos preços? Não acusou, diz quem esteve lá. Lula tem política de médio ou longo prazo? Tem medida emergencial eficiente (difícil de ter)? Tem investigação de fraude do mercado?

Não. Tem teoria da conspiração e demagogia crescente.


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