Esporte
O silêncio ensurdecedor de CBF e clubes diante do racismo na Conmebol

Bom, portanto a entidade que os representa, a Confederação Brasileira de Futebol, vai se manifestar, certamente. Com seu primeiro presidente preto e com a luta antirracista porquê prioridade, não há dúvidas de que vai usar o seu peso em prol da desculpa. Só que não. Até agora, a CBF não se manifestou de maneira institucional sobre a fala de Alejandro Domínguez.
Evidente, todos os citados cá podem estar fazendo sua segmento nos bastidores, articulando-se politicamente para realizar qualquer movimento, agindo de maneira estratégica. Pode até ser.
O que fazemos publicamente, no entanto, carrega enorme peso. Gritar aos quatro ventos que o racismo é intolerável — transgressão, no caso do Brasil — ajuda a solidificar a mensagem de que o racismo é intolerável. Silenciar-se diante dele, por outro lado, ajuda a solidificar a mensagem de que está tudo liberado.
Hoje mesmo, o ex-jogador paraguaio Carlos Báez postou um vídeo afirmando que o racismo não existe no futebol. Tudo besteira. “Alejandro Domínguez, por obséquio, eu te peço, mande um missiva para o Palmeiras e diga que esse é um esporte de varão, de varão potente.”
É para combater nascente tipo de estupidez que todos precisam se pronunciar, mormente os mais poderosos, aqueles com a capacidade de infernizar a vida dos racistas, de fazê-los sentir — se não na mesocarpo — no bolso as consequências de suas atitudes.
Guloseima ilusão, ao que parece. Mesmo quando se trata de um pouco tão crucial quanto a nossa humanidade, segue valendo a velha máxima: money talks.