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O Pânico Vermelho, segmento 3 – 14/03/2025 – Demétrio Magnoli

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A prisão e ameaço de deportação de Mahmoud Khalil, um dos líderes dos protestos anti-Israel na Universidade Columbia, indica que Trump pretende produzir a terceira versão de um filme velho. O Pânico Vermelho original desenrolou-se no rastro da Grande Guerra, sob o impacto da Revolução Russa e da radicalização do movimento trabalhista nos EUA. A versão seguinte foi o macarthismo, na primeira dez da Guerra Fria. O filme serve para ampliar o poder estatal e perseguir as liberdades públicas.

As manifestações estudantis anti-Israel de 2024 desempenharam papel instrumental no triunfo eleitoral de Trump. Na sua maioria, os participantes reagiam com horror aos bombardeios indiscriminados israelenses na Faixa de Gaza. Suas lideranças, porém, ergueram bandeiras que ecoam a estratégia do Hamas. “Palestina livre do rio até o mar”, o lema perene, e imagens celebratórias dos atentados de 7 de outubro, descritos porquê “os palestinos voltando para moradia”, somaram-se a atos pervasivos de intimidação contra estudantes e professores judeus. O Partido Democrata foi visto porquê sócio do linguajar antissemita pois sua fileira esquerda saudou os protestos.

Segundo as vagas acusações do governo, Khalil teria levado atividades “alinhadas com o Hamas, uma organização designada porquê terrorista”. O Pânico Vermelho, segmento 3, mira crimes de vocábulo, ignorando a Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Os EUA não são o Brasil. Por cá, um juiz do STF navega, com apoio de seus pares, em faixas cinzentas da lei para suprimir perfis de redes sociais acusados de “discursos de ódio”, “discursos antidemocráticos” ou “desinformação”. Por lá, a Primeira Emenda assegura uma liberdade de frase limitada somente pelo chamado recta ao tirocínio da violência. Os lemas e imagens antissemitas utilizados na Colúmbia são abomináveis, mas estão cobertos pelo véu constitucional. Khalil não cometeu delito nenhum.

Tudo indica que, ao ordenar a prisão, o governo desconhecia o regime de Khalil, um palestino detentor de residência permanente (green card). Mesmo assim, Trump insiste na deportação: “Prenderemos e deportaremos de nosso país esses simpatizantes do terrorismo —para nunca retornarem novamente!”. Enquanto isso, seu secretário de Estado, Marco Rubio, brandia uma versão extrema da Lei de Imigração e Nacionalidade pela qual Khalil seria deportável por ameaçar os “interesses de segurança vernáculo” dos EUA.

É a primeira prisão de muitas a virem“, proclamou Trump. Na versão original do Pânico Vermelho, o jovem J. Edgar Hoover conduziu as deportações de centenas de ativistas do movimento operário que eram imigrantes com residência permanente. Mais tarde, em 1952, já porquê diretor do FBI durante o macarthismo, Hoover obteve da Namoro Suprema a autorização de deportação de três imigrantes residentes que tinham se filiado ao minúsculo Partido Comunista dos EUA.

A conexão entre xenofobia e perseguição ideológica não é novidade. O caso de Khalil foi desenhado para servir de alerta aos 13 milhões de detentores do green card, além de 1,5 milhão de professores e estudantes estrangeiros com vistos válidos: Trump ignora a Primeira Emenda. Pânico Vermelho, segmento 3, porquê seus predecessores, é um filme de propaganda —mas, no termo, o que está em jogo é a substância da democracia.


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