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O decisionismo trumpista – 13/04/2025 – Marcus Melo

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Trump é um caso único de convergência da tomada de decisões em uma democracia. Ele personifica seu gabinete. Atua porquê titular das pastas da Herdade, Relações Exteriores e Justiça —para expor o mínimo. Suas decisões são divulgadas em sua própria rede social ao longo do dia. Ocorre que o sistema político norte-americano é, ao contrário dos sistemas parlamentaristas unipartidários, precisamente o tipo de panelinha institucional em que a convergência do poder decisório não deveria ser verosímil, como discuti aqui na coluna.

O sistema foi desenhado para dificultar a concentração de poder e prometer freios e contrapesos robustos: combina um Judiciário independente com potente capacidade de revisão judicial, um Legislativo bicameral cujos mandatos são defasados no tempo, uma Presidência institucionalmente limitada, um federalismo robusto e eleições legislativas de meio de procuração que ampliam a responsividade do sistema à opinião pública e ao desempenho do Executivo.

Mccubbins identificou um trade-off inerente ao gravura institucional das democracias entre o que labareda decisiveness (capacidade de um sistema institucional de autenticar e implementar mudanças em políticas) e resoluteness (capacidade do sistema de manter e sustentar essas políticas ao longo do tempo). Sistemas com subida capacidade decisória tendem a ser menos resilientes e mais vulneráveis à volatilidade institucional. Em contraste, sistemas com baixa capacidade decisória frequentemente enfrentam bloqueios decisórios e paralisia governamental.

O número e a localização institucional dos veto players moldam esse estabilidade entre capacidade decisória e firmeza normativa. Arranjos institucionais situados nos extremos desse espectro —seja com vetos excessivos ou com concentração de poder— tendem a gerar disfunções governativas, comprometendo a firmeza democrática, seja pela incapacidade de adaptação institucional, seja pela facilidade de tomada do sistema por lideranças de perfil autocrático. Sistemas altamente decisivos facilitam a aprovação rápida de mudanças —inclusive aquelas que podem fragilizar a democracia—, tornando-se mais suscetíveis à instabilidade política. Por outro lado, sistemas com baixa capacidade decisória, ao se depararem com impasses institucionais recorrentes, geram paralisia e um déficit de responsividade frente às demandas sociais.

No presidencialismo, a potente separação de poderes tende a limitar a capacidade decisória, pois distribui o poder entre diferentes atores institucionais, exigindo qualquer consenso para aprovação de políticas. Já a separação de propósitos —a divergência de preferências políticas entre os atores que controlam as instituições— também reduz a capacidade decisória, dificultando-o. O inverso —o alinhamento político entre os atores institucionais— pode resultar na supremacia de uma única força; no limite, na eliminação dos pontos de veto que garantem freios e contrapesos ao Executivo.

A combinação do procuração das urnas (no escola eleitoral e voto popular), o controle das duas casas congressuais, a maioria na Suprema Incisão, as eleições de meio de procuração em 2026, e a proibição de mais uma reeleição gera uma estrutura de incentivos que produz o decisionismo trumpista.


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