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O clima muda e a violência persiste – 01/05/2025 – Priscilla Bacalhau

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É generalidade ouvir que, diante de desastres, as pessoas “estão todas no mesmo paquete”. Essa teoria raramente corresponde à verdade. No contexto das mudanças climáticas e seus eventos extremos, os impactos são distribuídos de forma desigual, aprofundando desigualdades sociais já existentes. Não seria dissemelhante nas questões de gênero: quanto mais a temperatura global sobe, mais as mulheres são expostas à violência baseada em gênero.

Um levantamento das Nações Unidas sintetiza dados e estudos para embasar essa desfecho. Altas temperaturas e eventos climáticos extremos estão associados a um aumento de diversas formas de violência de gênero, uma vez que recorrência de agressões por parceiros íntimos, exploração sexual, matrimónio infantil, estupro e feminicídio.

De concórdia com a pesquisa, estima-se que a cada 1ºC a mais na temperatura global, os casos de violência contra mulheres provocados por parceiros íntimos aumentam quase 5%. Durante ondas de calor, foi assinalado que os casos de feminicídio aumentam 28%, segundo pesquisa longitudinal realizada na Espanha. Em um cenário em que a Organização Meteorológica Mundial declarou 2024 uma vez que o ano mais quente desde 1850, com um média 1,6ºC superior, as perspectivas não são boas para o horizonte.

É simples que a violência de gênero não surgiu por justificação do aquecimento global. Violência contra meninas e mulheres ocorre em mesmo condições adequadas de temperatura e pressão, sendo consequência de estruturas desiguais de poder. No entanto, as evidências recentes deixam simples que as mudanças climáticas agravam essa violência, além de aumentar sua prevalência.

Eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, tendem a provocar desalojamento de famílias, perda de renda, instabilidade cevar, física e patrimonial. Em abrigos de emergência, muitas mulheres podem precisar permanecer confinadas com seus próprios agressores. Esses efeitos diretos de eventos climáticos reforçam comportamentos violentos e de reafirmação de poder. Outrossim, serviços de assistência social, saúde e escolas são frequentemente interrompidos ou sobrecarregados, dificultando o aproximação a proteção e suporte. Nessa conta, meninas e mulheres em universal saem perdendo.

A pandemia de Covid-19 é um exemplo recente de uma vez que situações extremas levam ao aumento da violência contra mulheres. De concórdia com o Banco Mundial, durante o confinamento, a verosimilhança de feminicídio mais que dobrou. Mesmo depois o termo da quarentena, a violência doméstica se manteve em níveis elevados, alimentada pela perda de empregos e pela instabilidade econômica.

Embora os números sobre o impacto das mudanças climáticas na violência de gênero já sejam preocupantes, é provável que estejam subestimados. A subnotificação, já usual nesses casos, se agrava em contextos onde os serviços de protecção e prevenção também sofrem com os efeitos dos desastres climáticos.

Reconhecer os efeitos indiretos da crise climática é necessário para enfrentá-la de maneira mais justa e eficiente. A mitigação e a adaptação às mudanças climáticas e o combate a violência de gênero não são causas isoladas – são lutas interligadas que não podem ser ignoradas.


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