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Nossa saúde está à mercê de maus médicos – 25/03/2025 – Mirian Goldenberg

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Já contei cá que, em setembro do ano pretérito, fui a um cardiologista que me disse rispidamente: “Tudo piora com a idade. É porquê um carruagem velho. Precisa de um mecânico e de manutenção permanente. Sege velho tem que ter um bom mecânico, não pode ter vários. Tem que ter um mecânico de crédito e fazer a revisão das peças três vezes ao ano. Desvelo para não sobrecarregar demais o motor, ele pode pifar de uma hora para outra”. Saí da consulta arrasada e com um pedido de teste ergométrico.

Dois meses depois, tive outra experiência horrorosa com uma médica do meu plano de saúde. No dia 27 de novembro, comecei a ter uma tosse chata. Porquê tem uma obra muito em frente ao meu prédio, pensei: “Deve ser alergia à poeira”. Marquei uma consulta com uma otorrino que, em menos de dez minutos, disparou: “É refluxo”. E me receitou Gaezo para tomar por 60 dias. Perguntei: “Não preciso fazer uma tomografia do pulmão?”. Ela: “Não, tenho certeza de que é refluxo”.

A tosse piorou e decidi telefonar para um colega que é médico. Ele disse que eu até poderia ter refluxo, mas que parecia ser gripe ou pneumonia. E me indicou um pneumologista e um cardiologista de sua crédito.

Fui aos dois médicos no dia 18 de dezembro e saí das consultas com pedidos de exames do coração e do pulmão. Minha sorte é que, antes dos resultados dos exames, o pneumologista me receitou dez dias de antibiótico. E a tomografia do pulmão provou que ele estava notório: eu estava com pneumonia.

Acabei fazendo o teste ergométrico no dia 28 de fevereiro. A médica que fez o teste estranhou, porque, em repouso, antes de debutar a passar na esteira, meu coração estava muito vertiginoso, com 117 batimentos. Eu disse que sou extremamente ansiosa, que parece que vou explodir de tanta impaciência. Mas que também acho que a minha impaciência é muito produtiva. Contei a história do carruagem velho e ela repetiu: “Desvelo para não sobrecarregar demais o motor, ele pode pifar de uma hora para outra”.

Já fui três vezes aos meus novos mecânicos: o cardiologista e o pneumonologista. Acabei de fazer um novo ecocardiograma, pois apareceu um derrame pericárdico laminar na tomografia do pulmão. Meu maior duelo está sendo desacelerar, controlar a impaciência excessiva e cuidar melhor do meu carruagem velho. Estou com temor de o motor pifar de uma hora para outra.

A vetustez chegou e, apesar de tentar cuidar dos problemas de saúde, estou me sentindo um carruagem velho. Minha mãe morreu aos 62 anos, meu pai aos 68 e meu irmão aos 50. Duas amigas queridas estão com Alzheimer, duas estão com cancro e, recentemente, perdi amigos que tiveram infarto, AVC, cancro e pneumonia.

Não consigo parar de pensar no contraditório que vivi: fiquei três semanas tomando remédio para refluxo e estava com pneumonia. Poderia até ter morrido… É muito desprezo pelas nossas vidas. Não estou generalizando: lógico que nem todos os médicos são tão negligentes porquê a otorrino que me atendeu. Tanto é que, agora, estou sendo cuidada por dois excelentes médicos.

A pergunta que mais me angustia é: se eu, que tenho a sorte de ter amigos que são médicos e que posso remunerar projecto de saúde, consultas particulares, exames e remédios quase morri por estar à mercê de médicos incompetentes, irresponsáveis e desumanos, porquê sobrevivem os brasileiros que não têm verba para cuidar da própria saúde?


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