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Ninguém faz uma maratona só porque gosta de corrida – 25/04/2025 – Marina Izidro

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“Por que você está fazendo isso consigo mesma?” É logo que uma amiga me respondia, rindo, quando eu contava que tinha me inscrito para uma meia ou uma maratona.

A frase dela, geralmente quando nos encontrávamos em um evento social em que eu, em vez de pensar nas taças de vinho que poderia estar bebendo, planejava os géis de carboidrato que tomaria no treino na manhã seguinte, faz sentido.

Ninguém corre provas de longa intervalo somente porque gosta de corrida, mormente uma maratona. Quem, em sã consciência, submete o próprio corpo a quatro, seis meses de rotina rígida, percorre centenas de quilômetros muitas vezes de madrugada ou tarde da noite, se priva de vida social para, no dia da prova, suportar por no mínimo três horas (se for um varão muito muito treinado; a maioria leva pelo menos quatro)? Não satisfeitos, quando a dor no corpo passa, dias depois, por que diabos queremos fazer tudo de novo?

Parece maluquice, mas tem explicação. Assim uma vez que não se correm 42 km só pelo prazer da corrida, também não é por masoquismo. Quem sonha completar uma intervalo uma vez que essa quer provar um pouco a si mesmo. E isso é bom.

Quando levantamos do sofá e fazemos manobra físico, vamos contra a natureza humana. Desafiamos nosso cérebro, que teima em nos mandar a mensagem de que temos que estocar comida e forrar força em nome de nossa sobrevivência. Fica ainda mais difícil porque, às vezes, a sensação de prazer bate mesmo só depois que ele acaba.

Mas, além de deixar nosso corpo poderoso e resistente e nos ajudar a ter uma vetustez saudável, saber que não é verosímil percorrer uma maratona sem estarmos preparados nos obriga a ter disciplina. Estabelecer uma rotina de treinos, um compromisso conosco, fazer um pouco difícil propositadamente traz resiliência e envia outro recado para o cérebro: que podemos incumbir em nós mesmos em momentos de dificuldade. E isso impacta todos os setores da vida. Para mim, corrida é uma vez que fazer terapia de perdão.

Recentemente, fiz outro combinação comigo mesma. Em Londres, moro no quarto andejar e decidi sempre descer e subir de escadas, a não ser que esteja carregando um pouco muito pesado ou acompanhada. Quando estou no Rio, saio para percorrer e, na volta, subo de escadas até o oitavo andejar.

Não existe idade para tomar sabor pela atividade física. O médico e maratonista Drauzio Varella, que considero exemplo e inspiração, já disse que começou a percorrer aos 50 anos de idade. Ao completar a Maratona de Londres, recebeu a famosa mandala por ter feito as seis majors, as principais provas de 42 km do mundo: a da capital inglesa, Boston, Chicago, Novidade York, Berlim e Tóquio. Isso aos 79 anos.

No ano pretérito, tive o privilégio de percorrer a maratona de Londres e, neste domingo (27), serei espectadora. Um bônus desta edição é ver o supercampeão Eliud Kipchoge competir. Nunca se sabe quando será a última prova do queniano, é bom aproveitar.

Para quem vai percorrer essa prova ou outras maratonas neste ano: só você sabe o quanto treinou, sofreu, abriu mão de momentos de lazer com a família e com amigos, madrugou, investiu tempo e numerário.

Valorize cada momento e se orgulhe de ter chegado até cá. O mais difícil está feito. Agora, vá lá pegar sua medalha, aproveite, divirta-se.


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