Esporte
Missão espacial privada e unicamente feminina expõe mulheres ao ridículo

Bilionários entediados brincando de cosmonautas e organizando voos com celebridades. Querem fazer negócio com essas idas à troposfera. Quem se candidata a galhofar de astronauta? Venham, mulheres, se divertir com a gente voando nesses enormes e luxuosos pintos de metal. Mas, se vierem, venham maquiadas, com roupas sensuais (na medida do verosímil), passem no cabeleireiro antes e não deixem de sensualizar a experiência. Feito isso, vamos exprimir junto uma quantidade mortal de carbono? Na volta, serão recebidas por nosso CEO com pinta de cafetão intergaláctico.
A empresa de aviação Bezos explica que quer, com a missão, incentivar mulheres a se tornarem cientistas e engenheiras espaciais. Vejam: isso se faz com política pública, as mesmas que levaram Tereshkova ao espaço. Mas, para tanto, os bilionários teriam que remunerar impostos, e isso eles não querem. Preferem usar o numerário economizado com as isenções para fingir que estão inspirando mulheres a se tornarem astronautas. Que mulheres podem seguir esse tipo de vocação dentro do capitalismo neoliberal? Não as que nascem em condições de vulnerabilidade.
Uma vez que nota: a primeira estadunidense a ir ao espaço foi Sally Ride, em 1983.