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Lula fala de ovos e diesel, mas não sabe o que fazer – 20/02/2025 – Vinicius Torres Freire

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu de falar do preço do ovo. Faz um mês, o governo diz que vai tomar providências a término de moderar a subida do preço dos víveres. Não fez zero a saudação, até porque não tem quase zero a fazer.

No que pode fazer, evitar sobressaltos no dólar ou nos juros, falhou, quando não deu tiros no pé. Dólar dispendioso encarece víveres. Juros altos causam problemas de vasto espectro. Até mesmo interrompem a licença suplementar de crédito subsidiado pelo Tesouro para agricultores, como se soube nesta quinta.

No meio do sururu dos víveres, vem ainda mais essa. A oposição e a direita vão fazer sarau.

Lula talvez acredite que, falando, demonstre solidariedade com as dores do povo, com o que perderia menos pontos nas pesquisas de opinião. Pode ser, por outro lado, que crie unicamente expectativas irrealistas e, pois, mais frustração quanto à carestia de ovo, gasolina, diesel, óleo de soja etc.

Quem sabe conte com a sorte. Com um dólar mais comedido e com a provável grande safra, poderia surfar em uma verosímil vaga minguante de preços.

Lula parece desnorteado e boa secção do governo também. Nem é de hoje. Vide a frustração com o desempenho ou com o efeito político prático das ações na saúde, na segurança ou na força elétrica. Lula 3 não tinha projecto ou lideranças capazes de fazer reformas e dar conta de gargalos maiores nesses setores —tanto que a coisa não andou ou deu com os burros n’chuva.

Lula acredita mesmo nas fantasias intervencionistas?

A carestia do ovo ainda nem começou no varejo, na média. Desde que Lula assumiu, o preço do ovo caiu 1%. Nos últimos 12 meses, até janeiro, baixou quase 2%. A encrenca deve iniciar agora. O preço subiu, no atacado, pois a produtividade das galinhas cai com o calorão e, além do mais, milho e soja ficaram mais caros, também por culpa do dólar. Frangos e penosa são milho ambulante. Não há “Ovos para Todos” que resolva o problema, no limitado prazo.

O óleo de soja ficou 25% mais dispendioso nos últimos 12 meses, outra preocupação de Lula. Ficou mais dispendioso porque a safra de soja de 2023/2024 foi menor, porque o dólar ficou mais dispendioso, um tantinho mais por culpa de compras extras da China e, efeito pequeno, por culpa do biodiesel.

Dia sim, dia não, Lula diz que vai “conversar” com empresários. Agora, quer “abrasileirar” os preços, quer que o dólar não tenha efeito em custos e preços de insumos e víveres. Quer um tabelamento voluntário, enfim —não vai dar manifesto, uma vez que o tabelamento obrigatório. Quanto a combustíveis, começou a lutar “atravessadores”, uma demagogia velhíssima e, no Brasil, esquecida desde o Real.

Em casos extremos, pode ter medidas extremas (compras públicas excepcionais, racionamentos, tabelamentos): no caso de guerra, fomes abruptas. Mudanças na agropecuária dependem de políticas de prazo médio a longo, de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, crédito, assistência técnica, infraestrutura, logística, impostos, uso da terreno.

O que temos quanto a isso, sob Lula 3? Não temos.

No limitado prazo, um ano, por aí, o que dá para fazer é não gerar problema. Isto é, ter uma política macroeconômica razoável e um governo que não crie instabilidades outras, de modo a não provocar saltos nas taxas de juros e de câmbio (o “preço do dólar”).

Quanto a isso, Lula deu tiros no pé mesmo antes do início do terceiro procuração.


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