A taxa de inflação dos provisões recuou para 0,77% em abril, metade da registrada em março. Mesmo assim, a alimentação continua com aumento superior ao da inflação média, que foi de 0,45%. Os provisões nos supermercados refletem uma tendência do comportamento dos preços no campo nas últimas semanas.
O líder café, na boca da colheita, voltou a subir, e a saca do tipo arábica foi a R$ 2.616 no final de abril, segundo o Cepea (Núcleo de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O varejo respondeu com mais reajuste, e o preço subiu 7,2% no mês pretérito. Com isso, o consumidor está pagando 81% a mais pelo resultado em 12 meses, segundo a Fipe (Instauração Instituto de Pesquisas Econômicas).
Os ovos, que chegaram a subir 20% em fevereiro e foram um dos itens que puxaram a inflação no ano, começam a desabar de preço. Nas granjas, a caixa com 30 dúzias recuou para R$ 177 em Bastos (SP), 16% a menos do que no pico registrado em fevereiro. Pela primeira vez, os preços médios recuam também no varejo. O consumidor continua, porém, pagando 30% a mais pelo resultado do que desembolsava no início deste ano.
O consolação para o consumidor final vem também do arroz, que está com queda de preços no campo. O valor da saca caiu para R$ 75 para o produtor, 2% a menos do que em março, segundo o Cepea. A safra do Rio Grande do Sul foi melhor do que a prevista, aumentando a oferta, o que resultou em uma queda acumulada de 10% nos preços do cereal nos quatro primeiros meses do ano.
A safra recorde de soja, estimada em aproximadamente 170 milhões de toneladas, permite também uma retração nos preços do óleo de soja no varejo. O recuo foi de 8% nos últimos três meses, mas o consumidor ainda paga custoso pelo resultado, devido às elevações anteriores. Nos últimos 12 meses, o acúmulo de preço desse óleo é de 33% nos supermercados.
As carnes, apesar da demanda interna e das exportações aquecidas, estão com queda de preços no varejo. A bovina tem retração nos cortes mais caros, uma vez que filé-mignon e picanha, mas sobe nos de menor valor, uma vez que músculo e patinho.
Assim uma vez que ocorre com a bovina, a músculos suína também caiu no mês pretérito no varejo e ficou 1,6% mais barata. Já a de frango, que vinha em subida, iniciou um período de queda em abril. Mesmo com esse recuo no mês pretérito, os preços dessas proteínas ainda pesam no bolso do consumidor. Nos últimos 12 meses, a músculos bovina está 30% mais faceta; a suína, 27%, e a de frango, 13%. A inflação média do período foi de 4,9%, nos cálculos da Fipe.
Os hortifrútis, com a melhora do clima, ficaram mais acessíveis, mas ainda com algumas altas expressivas para o consumidor. O tomate, embora com ritmo de aumento menor, mantém a liderança. Os preços subiram 27% em abril, mas no meio do mês o aglomerado em 30 dias chegava a 46%.
As pressões diminuíram no setor de frutas, gerando uma queda de 1,6% no mês. Essa redução se deve, em secção, à laranja, que, posteriormente preços recordes, vem caindo. Banana, melancia e mamão também têm tendência de queda, nos cálculos da Fipe.
O leite longa vida está com desaceleração nos supermercados. A captação do resultado no campo nestes meses está sendo melhor do que foi no mesmo período do ano pretérito. Aliás, há uma redução no consumo final do resultado, segundo o Cepea.