Imagem de santa é modificada e gera controvérsia em cidade histórica de Goiás

Uma imagem sacra do século XVIII se tornou meio de um intenso debate em Pirenópolis (GO) em seguida passar por uma mediação estética que alterou significativamente suas feições originais. A estátua de Nossa Senhora das Dores, instalada na Igreja Nossa Senhora do Rosário, teve sua frase de sofrimento suavizada e ganhou traços modernos, uma vez que lábios avermelhados, cílios pintados e bochechas coradas — alterações que levaram alguns fiéis a compará-la a uma “harmonização facial”.

O procedimento foi realizado sem autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Vernáculo (Iphan), que investiga o caso e já cobrou explicações formais da Diocese de Anápolis. A entidade responsável pela fiscalização do patrimônio cultural brasiliano informou que a peça foi modificada sem comitiva técnico, o que compromete sua autenticidade histórica.

“Essas imagens são policromadas com técnicas específicas, que utilizam diferentes pigmentos para dar profundidade e frase ao rosto. O que foi feito cá descaracterizou completamente a obra”, afirmou o jornalista e fanático Ronaldo Félix, em entrevista à prensa lugar.

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A estátua é conhecida por expressar a dor de Maria com traços delicados e lágrimas evidentes. Depois a restauração, no entanto, fiéis relatam que a imagem perdeu boa segmento da trouxa simbólica que carregava, principalmente às vésperas da tradicional procissão da Sexta-feira Santa, da qual costuma participar.

Além das alterações faciais, as mãos da santa também foram repintadas, ganhando um tom uniforme que se distancia do original. O Iphan, por meio de sua representação em Pirenópolis, alertou que o caso pode ser considerado um dano ao patrimônio cultural e que está sendo medido tecnicamente pela conservadora Vyrginia Corradi.

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Em nota, a Diocese informou que irá colaborar com as apurações e destacou que a imagem será colocada à disposição para inspeção. O órgão também reforçou seu compromisso com a proteção do patrimônio sacro.

Para segmento da comunidade lugar, a descaracterização da santa ultrapassa a questão estética. Fiéis lamentam o impacto emocional causado pela mudança da imagem com a qual cresceram e reforçam a relevância de preservar não unicamente a história material, mas também os laços afetivos que ela representa.