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Fernanda Torres e Ainda Estou Cá alimentam patriotismo pátrio

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Não é só minha mãe que está empolgada. No Globo de Ouro, à 1h de uma segunda-feira, ouviu-se gritos, fogos, conflagrar de luzes quando Fernanda Torres subiu no palco. Todo mundo voltou a ser brasiliano? Acho que sim.

Um camarada muito antiesquerda me perguntou se o filme era bom mesmo e garantiu que anda com muita vontade de ver —parece que o boicote sugerido pela direita não funcionou muito frente a tanto triunfo.

Na quinta (23), saí de uma reunião de trabalho com o WhatsApp mal dando conta de atualizar. Entre uma demanda e outra um “A Fernanda foi indicada!”. “É nosso!”, “Estou quase chorando na sucursal”, dizia o pessoal que manda mensagens profissionais o dia todo.

Mais tarde, em uma reunião, Georgia Costa Araújo, presidente da produtora de cinema Coração da Selva, estava exultante. Ela esperava um táxi no momento do proclamação e viu a reação de pessoas na rua gritando de emoção. “Estou há 30 anos nesse negócio [o de filmes brasileiros] e nunca vi uma reação dessa ao cinema pátrio”, ela dizia, consciente de que esse apelo junto já é a grande vitória.

Geórgia lembrou um pouco que venho notando há tempos: depois de alguns anos de deterioração de nossa cultura, agravadas pela impossibilidade de consumir teatro e cinema in loco na pandemia, parece que viramos o jogo. Grandes espetáculos saem com temporadas inteiras esgotadas e prolongamentos posteriores em papeleta. No palco, os artistas se despedem chamando mais gente ao teatro. Porquê um intenso boca a boca para que a gente se lembre o que Fernanda disse com seu pesado Mundo de Ouro na mão. A arte dura.

É curioso que seja muito a arte refinada do cinema muito feito que nos devolva o patriotismo. A termo gasta em tempos de América Grande de Novo poderia ter um sabor menos surrado. Gostar de seu país, por exemplo, poderia valer gostar das pessoas que moram nele e que são diferentes de você. Respeitar todo mundo que respeita o próximo já seria um crivo interessante. A ditadura prendia e torturava quem não gostava do governo, por exemplo. Dá para ser patriota e não gostar de gente a ponto de torturar até matar seus conterrâneos? Tem um pouco inverídico aí e duvido que seja meu léxico.



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