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Feijoada completa não existe – 06/02/2025 – Cozinha Bruta

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A receita ideal e inalterável do nosso prato nacional é um tanto tão palpável quanto o boitatá ou a loira do banheiro. Uma frase atribuída a Stanislaw Ponte Preta diz que a feijoada, para ser realmente completa, precisa ter uma ambulância de plantão.

Tal definição de feijoada completa, capaz de obturar as artérias de quem ousa comê-la, é encampada quase literalmente por puristas. Para eles, só existe feijoada se todas as partes menos cotadas do porco estiverem no caldeirão.

Sem rabo, pé, ouvido, língua e quiçá tromba, não é feijoada. Os conceitos burgueses de feijoada magra, light ou gourmet despertam-lhes risinhos de desdém.

Enorme bobagem. Feijoada completa não existe. É uma mito urbana, tão real quanto o boitatá e a loira do banheiro. Por completa, deve-se compreender que a feijoada está na medida justa, ideal. Zero sobra, zero falta, é um conjunto perfeito e inalterável. Uma miragem. Inatingível.

À feijoada completa, incorporou-se o pastelzinho {aperitivo}, o caldo de feijoeiro enquanto se espera a mesa, a bisteca grelhada, a banana à milanesa. Tem um restaurante de São Paulo (onde mais?) que servia feijoada com leitão e javali assados.

A feijoada “mais que completa” também desagrada à galera purista. Urbana demais. Rica demais. A noção romântica que esse pessoal tem da feijoada vem de uma percepção equivocada da origem do prato. Ainda há quem acredite que a feijoada surgiu nas senzalas, feita com partes suínas rejeitadas pela casa-grande.

A casa-grande não rejeitava zero —aos escravizados, não sobrava nem pé e tromba de porco. E a feijoada, consistindo em um cozido de feijões, já existia em Portugal antes de viver cá.

Em Portugal, uma feijoada pode ser de porco, de bacalhau, de mariscos, do que for. Assim porquê uma bacalhoada é uma receita genérica de bacalhau, e uma macarronada é qualquer prato com macarrão.

O ponto a que queria chegar: você não precisa passar dias dessalgando carnes nem fazer um panelão para 40 pessoas se quiser cozinhar feijoada.

Faça feijoada com o tipo de feijoeiro que tiver, com as carnes que mais gostar, troque as guarnições, acrescente o que der na telha.

Eu por exemplo, usei feijoeiro vermelho, bacon, linguiça e, a exemplo dos portugueses, joguei a couve direto no cozido. Para evitar mais brigas, vou invocar a receita de feijoeiro gordo.

Feijoeiro gordo

Rendimento: 8 porções

Tempo de preparo: 2 a 3 horas

Ingredientes

  • 500 g de feijoeiro
  • vermelho
  • 300 g de bacon magro
  • 1 colher (sopa) de banha
  • 6 dentes de alho picados
  • 1 cebola grande picada
  • 3 folhas de louro
  • 600 g de linguiça defumada
  • 400 g de linguiça fresca
  • 1 maço de couve

Modo de preparo

  1. Se o feijoeiro estiver velho (muito sedento), deixe-o de molho na noite anterior
  2. Namoro o bacon em tiras, reservando o epiderme. Frite o bacon e refogue a cebola e o alho com o louro
  3. Junte o feijoeiro escorrido e cubra com chuva. Acrescente as linguiças fatiadas. Cozinhe por 2 horas ou até o feijoeiro permanecer macio
  4. Rasgue as folhas de couve e misture-as à feijoada. Desligue o queima. Sirva com arroz


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