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Escravizado tatuado com iniciais dos patrões é resgatado em Minas

Os empregadores usaram as redes sociais para estabelecer contato inicial com pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e afetiva, oferecendo promessas falsas de trabalho e guarida. Aproveitavam-se da crédito estabelecida em ambientes virtuais em comunidades LGBT+.
As investigações revelaram que o empregado doméstico, um varão homossexual, foi explorado por quase nove anos e era vítima de múltiplas violações: não recebia salário, não tinha registro em carteira, trabalhava em jornadas exaustivas sem férias ou sota e vivia sob permanente vigilância e ameaças. Os empregadores gravaram abusos sexuais, e os vídeos eram usados porquê instrumento de chantagem e controle emocional.
Em uma das gravações, ele aparece nu, com grampos presos ao corpo, enquanto os patrões assistem e tocam música ao fundo. Outro vídeo mostra uma tentativa de enforcamento. Também foi documentado um incidente em que foi obrigado a consumir as próprias fezes em seguida ter seu ânus mutilado e costurado de forma improvisada. As marcas físicas dessas violências foram periciadas e fotografadas.
“A tatuagem também representa um perverso indicador da submissão à escravidão a que ele estava submetido, pois funcionava porquê sinal de posse, de controle sobre o corpo da vítima. A imposição da tatuagem, feita com o intuito simbólico de marcar a vítima porquê subordinada, reforça a requisito de completa sujeição aos empregadores”, afirma o relatório de fiscalização. Depois, por ordem dos empregadores, o trabalhador cobriu a tatuagem com outro escorço.
Também foi resgatada uma mulher trans de nacionalidade uruguaia, também aliciada por meio das redes sociais. Em testemunho, relatou que, em julho de 2024, aceitou proposta de trabalho com salário de R$ 700 mensais. No entanto, do valor eram descontadas despesas de alimento, moradia, internet e luz, restando-lhe muro de R$ 100.
Ela trabalhou por seis meses para o trio, sendo que os três primeiros viveu com eles sob temor permanente de ser submetida às mesmas agressões que o trabalhador. Segundo ela, os patrões diziam que ele era “o servo da mansão”. De tanto estresse, chegou a ter um acidente vascular cerebral enquanto trabalhava no lugar.