Empresa que paga muito não culpa Bolsa Família por falta de mão de obra

Mas isso não pode vir separado da “consciência social”, caso contrário, teremos aumento da vulnerabilidade dos trabalhadores, o que acaba os tornando vítimas da superexploração. E o governo federalista já resgatou trabalhadores em condições análogas às de servo em obras sob responsabilidade da MRV.

Representantes do setor da construção social, entre eles Menin, divulgaram uma missiva na qual propõem mudanças no programa sob a justificativa de que uma suposta “sujeição voluntária” prejudica a oferta de mão de obra. Ou seja, para eles, o povo que ganha o favor evita trabalhar na formalidade.

Um trabalhador CLT pode sim receber o Bolsa Família desde que cumpra com os requisitos pré-estabelecidos pelo governo. Ele perde o aproximação quando passa a receber mais do que o limite do programa, o que, para ele, é uma boa notícia. Há um projeto tramitando no Congresso para prometer que o beneficiário não perdida o Bolsa Família caso tenha aumento de renda por um período pequeno de tempo, devido a um contrato de safra ou temporário.

A teoria de que o Bolsa provoca falta de mão de obra foi bombada por políticos por anos a fio. Por exemplo, quando deputado federalista, o ex-presidente Jair Bolsonaro vinculou o recebimento do programa à vagabundagem.

“O Bolsa Família é uma patranha, você não consegue uma pessoa no Nordeste para trabalhar na sua mansão. Porque se for trabalhar, perde o Bolsa Família”, afirmou em entrevista à Record News, em 2012.

“O rostro tem três, quatro, cinco, dez filhos e é problema do Estado, rostro. Ele já vai viver de Bolsa Família, não vai fazer zero. Não produz muito, nem serviço. Não produz zero. Não colabora com o PIB, não faz zero. Fez oito filhos, aqueles oito filhos vão ter que creche, escola, depois prestação lá na frente. Para ser o que na sociedade? Para não ser zero”, disse em entrevista ao colunista do UOL Carlos Juliano Barros, em 2015.