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Efeito Trump e dólar e juros no Brasil – 03/04/2025 – Vinicius Torres Freire

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Um adulto razoável teria receio de dar até um vago pontapé informado a reverência de porquê o mundo do negócio e da política vai se reconfigurar depois do tarifaço de Donald Trump. Mas já há quem pense na tese de dólar mais barato e de inflação e juros menores.

Era verosímil ouvir na terreiro até o pontapé de que o dólar cairia para perto de R$ 5,40 no final do ano, com o que a moeda brasileira quase voltaria ao nível do início de 2024, em termos reais. Por ora, o dólar está em R$ 5,62. As taxas de juros caíram muito no atacadão no mercado de verba do Brasil.

Qual a tese? A economia americana cresceria menos, com juros menores (estão caindo, na terreiro). Segmento da riqueza lá estacionada procuraria ativos mais rentáveis no restante do mundo. Pingaria verba por cá.

Além do mais, haveria baixa de preços por justificação do excesso de oferta dos centros industriais do mundo (China e cercanias, segmento da Europa). Seria bom se for ruim: haveria invasão de produtos asiáticos sem sorte, de “brusinhas” a manufaturados complexos. A indústria brasileira apanharia —já procura o governo para falar a reverência.

O crescimento mundial seria menor. Pelo menos o petróleo ficaria mais barato (ajudado, de resto, pelo aumento de produção da Opep, agora depressa).

Uma incerteza óbvia, entre tantas, a reverência da tese é o efeito do crescimento menor sobre a balança comercial brasileira —commodities mais baratas, menos negócio, menos saldo. O dólar por cá cairia mesmo assim? E se a baixa do incremento for sátira? E se houver fuga de risco tradicional (“emergentes” mais bagunçados, porquê o Brasil)?

O que vai ser desta baderna sinistra de Trump será a resultante das ações de dezenas de governos relevantes, de milhares de grandes empresas e financistas. No curtíssimo prazo e de mais corriqueiro, zilhões de contratos serão renegociados. Quem comprou por um tal preço, vai remunerar o impacto das tarifas? Vai haver pechincha, de modo a driblar “tarifas” mais altas?

No pequeno e no médio prazo, haverá bloqueios e desvios de comércio. O que era vendido nos EUA pode descobrir outros portos. Empresas que não vendiam por lá, podem descobrir nicho americano. Os produtos do núcleo industrial do mundo, em tese ficariam mais caros em pelo menos 20% até a lar dos 60%.

No longo prazo, alguns anos, se o tarifaço perdurar e não sobrevier desgraça maior (guerra), empresas mudarão de país, novos acordos comerciais virão, áreas de influência e negócio vão se formar.

Mas é difícil expressar até o que será feito do tarifaço, pois o decreto de Trump diz que tudo pode mudar, ao talante do Nero Laranja, para o mal ou para o menos ruim. Unicamente o Congresso, em tese lícito, poderia barrar a loucura (fizeram isso com impostos contra o Canadá).

Trump pode aumentar impostos de importação se o déficit mercantil americano aumentar. Se parceiros dos EUA firmarem acordos em termos que não beneficiem os americanos também. Se um país retaliar. Se houver ameaças à segurança pátrio dos EUA.

Os impostos podem desabar se qualquer país reduzir barreiras a produtos e serviços americanos. Austrália, Reino Unificado, Índia, mesmo Vietnã e talvez Japão não devem reagir ao tarifaço.

Isto posto, não se sabe o que Trump fará quando o resultado de sua política desabar sobre a cabeça dos americanos —mais inflação, menos ocupação.

Mas a “tese” brasileira já circula por aí. Adeus, Selic a mais de 15%?


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