O currículo conjunto do elenco de “Cidade Tóxica”, minissérie que estreou há duas semanas na Netflix, é um resumo do melhor da produção britânica contemporânea —“Doctor Who”, “Sex Education”, “Downton Abbey”, “Black Mirror”, “Bridgerton”.
A história, assinada por Jack Thorne (“Insólito”) e dirigida por Minkie Spiro (“Ninguém Pode Saber”), é um caso real e emblemático que põe em questão a teoria de Justiça, ao mesmo tempo que aborda com destreza sentimentos da maternidade. E o registro é sóbrio e pungente. Não à toa a série ostenta nota 100 no site de avaliações Rotten Tomatoes.
Em quatro episódios, “Cidade Tóxica” trata de Corby, província industrial 150 km ao setentrião de Londres, onde, na viradela do milênio, bebês passaram a nascer com alterações nos pés e nas mãos ou, nos casos mais graves, nos órgãos internos.
A cidade de muro de 70 milénio habitantes passava por uma transformação posteriormente o declínio da indústria siderúrgica que por décadas a sustentou e reflete boa secção da história social e econômica do Reino Unido dos anos 1970 aos 1990.
Os políticos prometiam volver a crise com modernização, mas o progressão desenvolvimentista foi escoltado pela depravação. Regras ambientais foram fraudadas, e dejetos tóxicos se espalharam pelo ar. As gestantes respiraram partículas de cádmio, metal com o mesmo potencial tóxico que o mercúrio.
Cada mãe que se deparava com a notícia de um fruto com alterações genéticas, no entanto, se culpava, supondo ter feito um tanto daninho na gravidez. Os pais que permaneceram ao lado de seus filhos lamentavam o infortúnio. E todos lidavam com o luto, se não concreto, pela moço idealizada. Até que uma delas notou que não havia coincidência.
Susan McIntyre (interpretada por Jodie Whittaker), porém, só levaria sua percepção a sério depois de um jornalista de Londres a procurar, tendo delicado que o caso dela não era único nem obra do contingência. Passou a contatar outras vítimas e organizou um grupo para desenredar o que havia contaminado suas gravidezes e marcara suas vidas de forma indelével.
A minissérie acompanha, além de Susan, Tracey Taylor (Aimee Lou Wood) e Maggie Mahon (Claudia Jessie), mulheres reais, em seu périplo para processar as autoridades responsáveis pela intoxicação.
Contam para isso com o jurisconsulto Des Collins (Rory Kinnear), incumbido de provar que a Câmara Municipal tinha ciência do lixo de dejetos e municiado pelo vereador Sam Hagen (o sempre magnífico Robert Carlyle) e por um jovem e inconformado funcionário da Câmara que voltou a Corby para cuidar do pai doente (Stephen McMillan).
O roteiro toma o zelo de não sucumbir a apelações emocionais nem maniqueísmos. Whittaker e Wood (a adorável Chelsea da atual temporada de “White Lotus”) estão particularmente muito, a primeira uma vez que a despachada mãe solo de dois meninos, a segunda uma vez que uma melancólica contadora que perde seu primeiro bebê dias posteriormente o promanação.
Para quem viveu os anos 1980 com as notícias terríveis sobre crianças anencéfalas por causa do ar de Cubatão (SP), portanto a cidade mais poluída do Brasil, “Cidade Tóxica” soará familiar. Para os demais, serve uma vez que alerta de que regras ambientais são necessárias, e o custo de desmantelá-las pode ser irreversível.